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#Brasil: Biogás de esterco animal proporciona melhorias no semiárido nordestino; confira aqui

Aluísio Brás de Souza, da comunidade Sítio Jatobá, em Carnaíba (PE), um dos agricultores que passaram a usar o biogás como fonte de energia | FOTO: Ana Mendes/Divulgação |

Em 2008, a construção de biodigestores artesanais foi iniciada em Pernambuco. Membro da Associação Agroecológica de Agricultores do Sertão do Pajeú (AASP), a agricultora Fátima Souto tem um dos primeiros biodigestores construídos em São José do Egito, um dos municípios que compõem a Bacia Hidrográfica do Rio Pajeú no semiárido nordestino.

“Meu marido ia no curral do vizinho, pegava o esterco de porco e botava no biodigestor duas ou três vezes por semana e a gente cozinhava a semana todinha”, conta Fátima. “O povo se queixando que o gás estava caro e eu nem sabia o valor”.

A tecnologia social, inspirada em modelo da Índia, é composta por uma caixa de carga, abastecida com água e esterco, um tanque de fermentação isolado do ar atmosférico e uma caixa de descarga. Os materiais entram em decomposição e geram o biogás que tem em sua composição o metano e pode ser usado para cozinhar, substituindo o botijão de gás.

Gerando energia renovável, a tecnologia tem impacto positivo na qualidade de vida das famílias agricultoras. De acordo com outra agricultora de Pernambuco, Iraneide Maria de Oliveira, a tecnologia “veio pra melhorar a nossa vida. Com o dinheiro que a gente deixa de comprar o botijão, que está quase 100 reais, a gente compra outra coisa, né?”.

Biodigestor construído em São Bento do Una (PE) | FOTO: Diaconia/Divulgação |

Com o alto preço do gás liquefeito de petróleo, torna-se comum o uso da madeira em fogões a lenha, prejudicando a saúde, em razão da aspiração da fumaça e das cinzas geradas durante a queima.

“É nossa intenção diminuir cada vez mais a pressão sobre o bioma da Caatinga, que sofre com a extração de madeira para produção de energia, parte pelas famílias e parte muito mais significativa pela indústria, padarias, pizzarias e o gesso em algumas regiões do Nordeste”, pontua Ita Porto, coordenadora do Território Sertão do Pajeú da Diaconia, organização social que divulga e implementa a tecnologia do biodigestor, visto que a Caatinga enfrenta processo de desertificação, que já atingiu cerca de 13% de seu território.

Logo, o uso constante do esterco, além de colaborar com a economia, impacta positivamente na saúde humana e meio ambiente. Com o esterco, proveniente da criação de animais do entorno, é possível diminuir a emissão de gases de efeito estufa.

Além disso, o processo de produção do biogás tem ainda como subproduto o biofertilizante, esterco com menor quantidade de gases e rico em nutrientes, que serve como adubo orgânico para o pomar e os cultivos da agricultura familiar.

Os especialistas estimam que cerca de 2 mil biodigestores estão funcionando no semiárido nordestino. “No primeiro projeto foram construídas três unidades no município de Afogados da Ingazeira, em Pernambuco, e daí começou a crescer”, conta Mário Farias Júnior, coordenador da Organização da Sociedade Civil Cetra em Sobral, no Ceará. Jornal da Chapada com informações de texto base do Uol.

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