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#Brasil: Aumento dos combustíveis impacta na desistência de 25% dos motoristas de aplicativos

Em São Paulo 120 mil motoristas eram cadastrados no início de 2020 e, hoje, tem 90 mil | FOTO: Divulgação |

Ver o aluguel do carro que utilizava para trabalho subir de R$1.400 para R$ 2.000 por mês, assim como o litro do etanol de R$1,89 para R$4, foram fatos que fizeram com que Daniela Cristina Teles, de 37 anos, parasse de trabalhar com aplicativos de transporte em janeiro deste ano.

“Eu ganhava de R$200 a R$300 reais por dia, mas eu gastava R$200 para encher o tanque com gasolina. Não valia a pena nem como complemento da renda”, afirmou ela que foi trabalhar na Câmara Municipal de São Paulo e desistiu definitivamente de trabalhar com apps.

Daniela é apenas um espelho de milhares de pessoas cadastradas como motoristas em aplicativos de transporte em todo o Brasil. Apesar dos números das plataformas não discordarem dos dados, as empresas do segmento do Brasil afirmaram que essa desistência de diversos indivíduos não tem relação com o aumento dos combustíveis.

O presidente da Associação de Motoristas de Aplicativos de São Paulo (Amasp), Eduardo Lima de Souza, que diz representar até 62 mil profissionais, afirma que as tarifas não são reajustadas desde 2015. Segundo ele, 25% dos motoristas de aplicativo deixaram de trabalhar para a plataforma desde o início de 2020.

De acordo com o representante da categoria, esse número foi colhido a partir de uma base de dados da prefeitura. Souza diz que ela tinha 120 mil motoristas cadastrados no início de 2020 e, hoje, tem 90 mil.

“Os motoristas entraram numa fase crítica depois desses consecutivos aumentos dos combustíveis. Uma situação muito grave. Não tivemos reajuste de tarifa nem para acompanhar a inflação desde 2015. O motorista vem sentindo isso e muitos vêm desistindo desde o início da pandemia, em 2020”, afirmou.

O representante da associação afirma que é preciso que os aplicativos tomem medidas para aumentar os rendimentos dos motoristas, principalmente, dos valores repassados aos trabalhadores.

“Queremos que o governo estadual zere o ICMS do combustível. Esses dias, abasteci R$220, mas R$94 foi apenas de imposto. Se a gasolina chegar a R$7, como dizem, não tem como trabalhar. A gente busca o diálogo, mas numa possível manifestação, a população também estaria do nosso lado porque os combustíveis e a qualidade do transporte impactam e também prejudicam diretamente a vida deles”, afirmou Eduardo.

“Atualmente, o motorista escolhe corridas porque tem algumas inviáveis. Deveria haver um reajuste de tarifas para fazer as corridas girarem e mais gente querer usar. As plataformas aumentaram o valor para os passageiros, mas ele não foi repassado para os motoristas e o serviço piorou. Todo mundo perdeu”, pontuou Daniela.

Vontade de desistir
Os usuários dos aplicativos de transporte também comentam vontade de desistir, visto que é comum os motoristas cancelarem a corrida antes de buscar os passageiros.

De acordo com os motoristas, isso ocorre porque muitas vezes o percurso não vale a pena, por conta do grande deslocamento até o local onde o passageiro está.

O presidente da Amasp, que também trabalha como motorista, disse que se tornou comum ocorrer situações nas quais o motorista gasta mais para buscar o passageiro do que ganha para levá-lo ao destino.

“Semana passada, tive de rodar 17 minutos (5,9 km) para chegar ao passageiro. Quando o peguei, percorri 1,5 km em cinco minutos. Ganhei R$ 8 pela corrida, o que mal deu para pagar o combustível, já que meu carro faz 5,9 km com um litro de etanol”, afirmou Eduardo Lima de Souza. Jornal da Chapada com informações de texto base de BBC News.

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