O autor de livro sobre região Chapadeira e professor aposentado da Escola de Administração da Ufba, Francisco Teixeira, morou na Chapada Diamantina durante três anos, apenas retornando para Salvador em 2019. Ele recomenda que o turismo da Chapada seja qualificado “para evitar o turismo de massa, que é predador, assim como outras atividades econômicas”, diz.
Autor do livro ‘Chapada, Lavras e Diamantes: percurso histórico de uma região sertaneja’, Teixeira explica que o turismo de massa deixa rastros significativos de poluição e de destruição. “O que recomendo é que a Chapada qualifique, ou seja, que atraia turistas que estejam realmente interessados no convívio com a natureza. E essa qualificação, ao meu ver, passa também pela sua história”, pontua.
Para além da importância histórica da extração mineral, ele destaca as pinturas rupestres da história da região chapadeira. Segundo ele, a maioria do público conhece mais a ‘Serra das Paridas’, perto de Lençóis, onde tem umas pinturas rupestres bastante significativas, contudo, ele alerta que elas não são as únicas, visto que a região tem diversas pinturas rupestres.
Ele cita também os seguintes fatores da história da região que precisam ser compreendidos e melhor explorados: exploração de ouro, período dos diamantes e o legado cultural na arquitetura. “Há uma arquitetura belíssima nessas cidades, Mucugê, Andaraí, Lençóis e também em Xique Xique de Igatu (distrito de Andaraí), uma arquitetura bonita e que tem características próprias. Não é o colonial, não é a de Salvador, do Recôncavo, não é o colonial de Minas. É uma coisa própria”, crava.
Além disso, outros fatores históricos que as pessoas pouco conhecem da região, conforme o docente, é a história dos coronéis e a revolta sertaneja. Todos esses assuntos começaram a ser estudados em 1991 pelo autor, a partir do livro de Walfrido Moraes, ‘Jagunços e Heróis’.
Já no aspecto das religiões, a Chapada tem uma peculiaridade mencionada em seu livro: o jaré, uma religião de matriz africana. Embora tenha ganhado visibilidade com o livro ‘Torto Arado’, de Itamar Vieira Júnior, a religião ainda não é amplamente conhecida e compreendida pela população que não reside na região.
Logo, Teixeira explica que “é uma religião que tem estudos feitos pelo antropólogo Ronaldo Senna, que mistura as influências que a região do diamante sofreu das pessoas que chegaram de Minas, das que chegaram do Recôncavo e as da própria região. O Jaré mistura o candomblé de caboclo, o candomblé de orixás, o espiritismo e o catolicismo místico e rural, que teve como principal referência Antônio Conselheiro”, informa. Jornal da Chapada com informações de texto base do Portal A Tarde.