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#Brasil: Depois de virar meme por ‘já acabou, Jéssica?’, jovem conta que deixou os estudos e desenvolveu quadro de depressão

Lara conta ter sofrido com a repercussão da briga e move ações na Justiça contra empresas | FOTO: Arquivo pessoal/BBC Brasil |

Lara da Silva tinha apenas 12 anos quando virou meme depois que uma briga na saída da escola foi gravada e compartilhada nas redes sociais. Na época, a frase dita pela adolescente, “Já acabou, Jéssica?”, se tornou motivo de piada e mudou a vida da menina que vivia no município de Alto Jequitibá, em Minas Gerais.

Hoje, com 18 anos, ela trabalha como auxiliar de limpeza e cuidadora de idosos, mas conta à BBC Brasil que, depois do episódio que originou o meme, ela se tornou alvo de bullying, abandonou a escola, passou a se cortar e precisou dar início a um tratamento psiquiátrico.

“É uma coisa que eu ainda não aceitei totalmente. Se eu parar pra pensar demais nisso, me faz mal. Não é algo que eu goste, mas é uma coisa que aconteceu, não tem como voltar atrás”, disse ao jornal.

Além de lidar com as consequências psicológicas, Lara, assim como a outra garota que aparece na gravação, decidiu mover processos contra emissoras de televisão e plataformas nas quais a cena foi exibida. Elas pedem que as imagens sejam excluídas e cobram indenização por danos morais e materiais.

A vida depois do meme
À BBC Brasil, Lara deu detalhes de como ter se tornado um meme impactou seu dia a dia. Ela conta que, na época, sua vida se resumia a ficar em casa ou ir a lugares próximos, como a residência de parentes. Nas vezes em que saía nas ruas, Lara costumava ser reconhecida e ouvir comentários sobre o vídeo. Abalada pela repercussão, a jovem diz que começou a se mutilar dias depois do vídeo viralizar nas redes.

“Eu já costumava me culpar por tudo de ruim que acontecia comigo ou com meus pais. Quando aconteceu isso (o vídeo viralizou), eu não sabia o que era pior: que a minha mãe continuasse me prendendo em casa, como ela começou a fazer, ou me deixasse sair na rua”, contou Lara.

Ao perceber, a mãe de Lara, Deusiana, buscou tratamento para a filha. Pela cidade ser pequena, para conseguir o acompanhamento especializado Lara precisava enfrentar uma viagem de cerca de duas horas em uma ambulância que levava os moradores de Alto Jequitibá com necessidade de ajuda médica a outro município.

Nessa época, ela foi diagnosticada com depressão, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e transtorno de ansiedade.

Questão judicial
Na entrevista à BBC Brasil, Lara diz ainda que há seis ações movidas por ela na justiça por causa do episódio. Os processos têm como alvos o Google, o Facebook, as emissoras de televisão SBT, Record e Band e dois rapazes que criaram um jogo baseado no vídeo da briga.

Em defesa, ela afirma que a exibição do vídeo, ou qualquer tipo de menção feita por uma empresa à briga, em 2015, feriu o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Entre os pedidos das ações está a retirada do vídeo das redes e de todos os conteúdos relacionados a ele, além de indenização por danos morais. Redação do site do jornal Extra.

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