Na tradição da Igreja Católica, em 1º de novembro é comemorado o Dia de Todos os Santos, quando se reza por aqueles que morreram em estado de graça, com os pecados perdoados. O dia seguinte foi considerado o mais apropriado para fazer orações por todos os demais falecidos, que precisam de ajuda para serem aceitos no céu. É por isso que no dia 2 de novembro se celebra o dia de Finados.
A data é inspirada em diversas tradições da Antiguidade. “A relação com quem morreu está presente em quase todas as culturas antigas. O cristianismo herdou esse costume principalmente do judaísmo”, afirma Volney Berkenbrock, professor de Ciência da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora.
Os primeiros registros de orações pelos cristãos falecidos datam do século 1, quando era costume visitar túmulos de mártires. “Aos poucos, a prática ficou mais frequente. Por exemplo, no livro Confissões, Santo Agostinho (354-430) pede que Deus interceda por sua mãe morta”, diz o historiador André Chevitarese, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
No ano 732, o papa Gregório III autorizou os padres a realizar missas em memória dos falecidos. No século 10, a abadia de Cluny, em Paris, estabeleceu uma data fixa para essa cerimônia.
Não demorou para o 2 de novembro ser adotado em toda a Europa. “A rápida expansão do costume está ligada à proximidade do ano 1000, quando se pensava que o mundo acabaria. Era preciso rezar para as almas saírem do purgatório antes disso”, diz Berkenbrock.
A partir do século 15, o feriado se espalhou pelo mundo. Em alguns lugares, o costume foi fundido à cultura local. No México, por exemplo, todo ano é realizado o festival do Dia dos Mortos, que une a celebração católica a antigos rituais astecas.
Dia de Finados em outros países
No México, a morte tem significado único. Em vez de lamentada, é festejada uma vez ao ano – de 31 de outubro a 2 de novembro. Considerada pela Unesco como patrimônio da humanidade, a tradição reuni família e amigos para comemorar a visita dos antepassados à Terra. A animação toma conta, pois se acredita que os mortos devem ser recebidos com alegria e coisas de que gostavam enquanto vivos. A famosa caveira mexicana (La Catrina), altares coloridos, fantasias, comidas e bebidas típicas mudam a cara de várias cidades do país.
A Espanha comemora a data um dia antes do Brasil, dia 1º de novembro. No país europeu, as pessoas costumam viajar para suas cidades de origem, para visitar os túmulos onde estão seus entes. Eles optam por roupas coloridas e vibrantes, com um clima mais festivo. Além disso, flores e um doce chamado Osso dos Santos são levados aos cemitérios. A iguaria feita de marzipã, ovos e calda de mel com água e açúcar, é utilizada como sobremesa nessa época.
Já os japoneses lembram dos ancestrais em 15 de agosto. Eles prestam homenagens aos que já se foram e celebram durante três dias seguidos, com danças e comidas especiais. No Japão, as pessoas ainda costumam retornar ao lar em que os falecidos viveram e limpar suas lápides nos cemitérios.
Na Autrália é celebrado o Dia dos Mortos de forma um pouco diferente dos outros países. Na Austrália, as pessoas lamentam e choram pelo nascimento das outras, pois eles acreditam que os recém-nascidos vem ao mundo para resgatar seus carmas e cumprir seu destino. Em contrapartida, quando alguém morre, os australianos festejam, pois ela está se libertando do sofrimento de se encontrar encarnada na Terra. Com informações do Uol, Correio Braziliense e Portal Amirt.