O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) repudiou a tentativa de criminalizar as famílias acampadas no município de Ruy Barbosa, na Chapada Diamantina. Os ataques, segundo informações do movimento, partiu do prefeito Cláudio Serrada (PSD). O gestor concedeu entrevista à Rádio RB Líder 103.7 FM e falou contra o acampamento do MST na região.
Ainda segundo os dados, Serrada teria afirmado que ele e o município não apoiarão um movimento de invasão, mencionou o nome de algumas pessoas do acampamento e solicitou que as famílias acampadas saíssem da terra, alegando ser uma área pequena que, por “não ser uma propriedade adequada para a reforma agrária”, os proprietários não queriam vendê-la.
“Ao contrário do que o prefeito falou em entrevista à rádio, a terra ocupada no dia 23 de outubro – onde as famílias estão acampadas, pertence à Igreja Católica, e a igreja concentra no município uma área de mais de 12 mil hectares improdutivas”, aponta texto divulgado pelo MST em página oficial.
Relato do movimento frisa que “as famílias sem terra não invadem terras, e sim, ocupam áreas improdutivas que não cumprem com sua função social. Essas terras, conforme garante a Constituição Federal, devem ser desapropriadas e destinadas para fins de reforma agrária.
MST não foi procurado
Segundo a direção do MST, o prefeito Cláudio Serrada nunca procurou o movimento “para tratar do descaso social que tem ocorrido no município”. Nos anos de 2018 até 2020, famílias naturais de Ruy Barbosa que estavam acampadas próximas ao município, no ‘Acampamento Olga’, uma área antes improdutiva que não cumpria sua função social, foram perseguidas por capangas a mando de fazendeiros, sofreram vários despejos violentos “e nunca o prefeito se pronunciou”.
Sobre a ocupação em Ruy Barbosa
No dia 23 de outubro, as famílias sem terra do município ocuparam uma área considerada improdutiva, que pertence à Igreja Católica, e em menos de seis dias, homens armados invadiram o acampamento e agrediram quem estava no local. “Ao tentarem registrar um boletim de ocorrência, as famílias não foram bem recebidas na delegacia”, aponta texto do MST.
Ainda segundo o movimento, a direção está aberta a diálogo com o representante da área, mas repudia toda e qualquer tentativa de criminalização das famílias acampadas, e se indigna com a fala do prefeito Cláudio Serrada, “que já está a mais de quatro anos como prefeito e nunca desapropriou uma área para as famílias que precisam cultivar a terra”.
A direção do movimento reforça que com as crises econômica e política que o país está passando, “alta dos preços do gás e dos alimentos, e um presidente que só governa para os ricos, a única alternativa que a população mais pobre vê é ocupar terra para fazer a reforma agrária”.
“O movimento acredita que a igreja e os padres precisam estar ao lado do povo, que a delegada do município e a justiça devam ser imparciais, e que o prefeito de Ruy Barbosa deveria olhar mais para a população de sua cidade, compreender as necessidades do povo que precisam da terra para produzir alimentos saudáveis e desapropriar áreas improdutivas para essas famílias”.
Em texto publicado no site oficial, a direção do MST informa que “enquanto houver latifúndios improdutivos que não cumpre com sua função social, e pessoas precisando de terra para produzir e garantir o sustento de suas famílias”, o movimento “continuará ocupando”. Até o fechamento deste texto, a reportagem não conseguiu contato com o prefeito nem com a delegacia de Ruy Barbosa. Os espaços estão franqueados para o contraditório das partes envolvidas. Jornal da Chapada com informações de assessoria e do MST.
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