Bolsonarista, Rodrigo Mussi fez uma “piada” extremamente violenta nesta quinta-feira (20) no Big Brother Brasil ao utilizar o termo “traveco” para se referir a travestis e mulheres trans. Em conversa no quarto com outros participantes, o brother comentou que não conseguia esquecer uma história, também transfóbica, que Eliezer havia contado sobre “o p*nto de um ‘traveco’”.
A fala de Rodrigo foi rapidamente repreendida por Vyni, Pedro Scooby e Maria. A cantora afirmou que o comentário “não foi legal”, enquanto o bacharel em Direito disse para ele não usar essa palavra e o surfista aconselhou o gerente comercial a procurar Linn da Quebrada e pedir para ela explicar os motivos do termo não ser adequado.
“Não pode mais ser aceito como normal mas eu achava que era. Eu soltei uma palavra que você tem lugar de fala para me ajudar. Falei a palavra traveco, daí vim aqui perguntar para você se era ofensivo”, questionou Rodrigo. “Nossa, com certeza. Você não sente quando você fala?”, respondeu Linn.
Detalhe é que, na mesma noite, a cantora havia feito uma apresentação emocionante sobre ser um “fracasso” por não ser homem nem mulher, mas sim travesti. “Sou contraditória, complexa, trabalho com o erro, a falha, o fracasso. Eu fracassei. Sou o fracasso de tudo aquilo que esperavam que eu fosse, não sou homem, nem sou mulher, sou travesti“, disse.
Por que não falar “traveco”
Na língua portuguesa, o diminutivo “eco” normalmente acrescenta uma conotação pejorativa e negativa à palavra e implica em algo vulgar, de baixa qualidade. Por isso, “traveco” é ofensivo, já que aponta as travestis como algo menor e descartável.
Além disso, o termo invalida uma luta de anos travada em prol de conseguir o respeito e a dignidade que travestis merecem, inclusive pelo fato de ser uma palavra masculina. Ou seja, o termo é extremamente ofensivo e não deve ser utilizado, podendo ser trocado por “travesti” ou pessoa LGBTQIA+.
Por isso, pergunte. Errar o pronome de alguém não é ok, assim como utilizar termos pejorativos. Deveria ser comum questionar “quais são os pronomes que você usa” ou prestar atenção na forma como a pessoa se refere a ela mesma.
Brasil, o país que mata mais pessoas trans no mundo
Rodrigo, que desrespeitou Linn, representa o retrato de um país transfóbico e que ainda tem muito a evoluir em questões de gênero. Não é a toa que o Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo (entre aqueles que contabilizam).
Pelo menos 125 travestis, homens e mulheres trans foram assassinadas devido a sua identidade de gênero entre outubro de 2020 e setembro de 2021 no Brasil. Os dados são do projeto Transrespect versus Transphobia Worldwide (TvT) da ONG Transgender Europe (TGEU).
Isso significa que 33% dos assassinatos de pessoas trans que ocorreram no mundo foram no Brasil, quase o dobro do segundo colocado – o México – com 65 registros. Com informações da Revista Fórum.