Governadores e prefeitos foram surpreendidos, na última quarta-feira (26), pelo anúncio do reajuste de 33,24% no piso salarial dos professores da Educação Básica de estados e municípios. Esse anúncio foi feito pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), no ‘cercadinho’, local onde ele fala com ‘o povo’ na saída do Palácio do Planalto. Obviamente, a decisão agradou aos profissionais de educação, que há muito se queixam de má remuneração, mas levou os governadores e prefeitos a reverem suas contas, já que o anúncio foi feito de forma intempestiva.
Entretanto, as opiniões se dividem, há quem ache justo, mas não sabe como vão fazer para pagar, e outros, os tidos ‘organizados’, estão prontos para pagarem, caso o reajuste seja aprovado e sancionado pelo presidente, diga-se de passagem, em seu último ano de governo. O governador de Sergipe, Belivado Chagas (PSD), por exemplo, escreveu em sua rede social: “É fácil para o presidente Bolsonaro estabelecer perceptual do piso, difícil é achar dinheiro para viabilizar”.
Em entrevista à Rádio SIM FM, o governador sergipano, que esteve recentemente reunido com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse que vai precisar fazer contas, mas já adiantou que o pagamento do piso, no estado, será conforme é feito atualmente, ou seja, respeitando a estruturação da carreira do magistério. “Não vou ser irresponsável ao anunciar que vou pagar uma coisa, sem ter condições de fazê-la”, completa Chagas.
Aqui na Bahia, especialmente, na região da Chapada Diamantina, as opiniões também são distintas, apesar de muitos gestores municipais apoiarem o aumento, muitos também não sabem como vão pagar. “É preciso que se saiba, que a Lei do Piso, ou Lei 11.738/2008, foi sancionada pelo então presidente Lula e revolucionou a melhoria dos salários dos professores. Nesses 14 anos foram grandes os aumentos no piso dos professores sem qualquer problema de pagamento”, aponta um prefeito chapadeiro.
“Agora, em 2022, último ano de mandato, o presidente Bolsonaro, ouvindo seu ministro Paulo Guedes, a Advocacia Geral da União (AGU), e o Ministro da Educação (MEC) resolveu ‘melar’”, completa o prefeito da Chapada Diamantina. Segundo o gestor, há vereadores bolsonaristas se aproveitando do fato para fazer campanha política para Bolsonaro, alardeando que o presidente é o autor do aumento nos salários dos professores.
“Se sancionar, iremos pagar sem problema algum, porém, é bom deixar claro que o anúncio da equipe econômica do presidente Bolsonaro seria de 10%, mas diante da reação da classe, eles recuaram e anunciaram 33,24%, ou seja, anunciaram no cercadinho, que vão cumprir a Lei de Lula”, finaliza o gestor chapadeiro.
Jornal da Chapada