Para onde quer que olhe, Jair Bolsonaro só vê terra arrasada. Depois de mais de três anos de governo, sua gestão acumula uma pilha de fracassos e ações desastrosas, como a explosão da miséria, a volta ao mapa da fome e a hecatombe de 640 mil brasileiros que perderam a vida na pandemia. Até nos aspectos menos importantes sua administração é vista pela ampla maioria dos brasileiros como uma tragédia. Só que o presidente de extrema direita parece ter encontrado algo a que se apegar para mostrar em sua campanha à reeleição: o Pix.
Parece piada, mas não é. Tanto o presidente da República como seu entorno mais próximo, que o “orienta” na corrida por mais um mandato no Palácio do Planalto, quer que o mecanismo simples e ágil de pagamento se torne a bandeira central de seus quatro anos de governo, até porque não há nada a que o líder radical possa se apegar no mar de tragédias, retrocessos e escândalos que se tornou sua torturante “gestão”.
Bolsonaro já começou a “dourar a pílula” e a alardear o sucesso estrondoso do Pix, e o fez inclusive no discurso de abertura do ano legislativo no Congresso Nacional. “Por meio do sistema de pagamento instantâneo, o Pix, em apenas 12 meses promovemos a inclusão financeira de 40 milhões de pessoas, o que proporcionou uma economia de R$ 5 bilhões à nossa população”, disse o chefe do Executivo.
Ele só não esclareceu que sem trabalho, com inflação galopante e renda cada dia mais achatada não há muito o que se gastar e transferir por meio do sistema de transações eletrônicas posto em marcha pelo Banco Central. Aliás, o presidente do BC, Roberto Campos Netto, segundo interlocutores do Planalto, deve ter papel de destaque na campanha pela reeleição de Bolsonaro e isso tem despertado ciúmes em Paulo Guedes, que as mesmas fontes dizem estar sendo escondido para o pleito do fim do ano, muito por conta de sua desastrosa condução no Ministério da Economia.
Investir numa estratégia que pretende colocar o Pix como uma ferramenta essencial em todos as camadas da sociedade, de compras em lojas de joias aos ambulantes que dão duro para ganhar o pão nas ruas brasileiras, teria algum sentido se a população sentisse minimamente avanços econômicos. Querer fazer disso um colosso ante um povo que a cada dia sofre mais com a carestia imposta por suas decisões não deve trazer bons resultados para o presidente. Redação da Revista Fórum.