Depois de atirar no vice-prefeito de Atibaia no último domingo (13), o comerciante Júnior Humberto de Oliveira fez uma transmissão ao vivo em sua rede social contando que havia feito disparos contra Fabiano Batista de Lima (PL).
De acordo com a polícia, o agressor teve, no último ano, pelo menos dez boletins de ocorrências feitos por diferentes vítimas por acusações de injúria, calúnia, difamação e ameaça. Além disso, responde a três processos de indenização por danos morais por publicações na rede social.
Veja vídeo abaixo:
“Efetuei alguns disparos em legítima defesa. Ele veio para cima de mim, não teve o que fazer. Não sei o que vai acontecer, se eu vou ser preso. Tentou vir aqui me matar. Não sei se ele está ferido. Tá bom pessoal, acabei de chamar a polícia aqui. Ele me esfaqueou no braço, eu tentei segurar a faca, só que eu vi que ele estava com muita fúria, tentou me matar na garagem”, diz Júnior em trecho do vídeo.
O crime
O crime aconteceu na tarde de domingo (13), depois que o comerciante Júnior Humberto de Oliveira, fez uma transmissão ao vivo em sua página na frente do restaurante registrado no nome da esposa do vice-prefeito, sugerindo que o local seria usado para crimes de improbidade administrativa. Júnior não apresentou qualquer prova das acusações.
Segundo a Polícia Civil, o vice-prefeito teria ligado para Júnior, e os dois tiveram uma discussão. Em seguida, Fabiano teria ido até a casa do comerciante, onde começaram as agressões.
O crime foi flagrado por câmeras de segurança que mostram Fabiano correndo em direção ao homem, que é golpeado com socos pelas costas. Após os golpes, ele entra na casa e em seguida corre com o comerciante já armado, que faz os disparos. O político foi atingido na perna, mas conseguiu fugir e foi hospitalizado (veja a imagem acima).
Legítima defesa
Na imagem, o comerciante diz que acionou a PM e alega que foi legítima defesa. Na delegacia, ele e o advogado apresentaram essa versão. Ainda assim, o caso foi considerado tentativa de homicídio.
De acordo com o boletim de ocorrência que o g1 teve acesso, delegado cita que Júnior não fez disparos de aviso, mas atirou até que a munição da arma acabasse. Em sua versão à polícia, disse ainda que depois das agressões correu ao carro que estava na garagem e, então, pegou a arma. Porém, segundo a perícia da polícia, foram quatro segundos entre a entrada na garagem e o disparo. O que mostra, segundo a polícia, que ele já estaria armado esperando por Fabiano.
Na delegacia, assim como na live, ele alega que foi recebido com golpes de faca. No vídeo, ele chega a mostrar as lesões. Porém, a polícia alegou que no vídeo, é possível ver que o prefeito dá golpes apenas com as mãos, e “não há indícios” de que estivesse armado. A faca que estava no local do crime foi apreendida para a perícia.
O caso foi registrado como tentativa de homicídio e o homem foi preso em flagrante. Até esta manhã ele permanecia detido, aguardando audiência de custódia. A arma usada no crime estava com as documentações necessárias em dia.
Histórico
O comerciante tem histórico de discussões e ofensas, tendo como palco principal as redes socias. No Facebook, mantém uma página onde diz trazer denúncias da cidade e expor os acusados. Por causa da página, ele tem três processos com pedido de indenização por danos morais.
Em um deles, um médico é abordado por ele no estacionamento da Santa Casa com acusações de não trabalhar o período pelo qual é contratado. O médico diz que estava estacionado em outro local e apenas foi trocar de vaga, mas é chamado de vagabundo. A imagem foi postada nas redes sociais com o rosto do profissional sendo exposto. Ele pede indenização de R$ 22 mil. Outros dois, envolvem políticos da cidade.
De acordo com a Polícia Civil, somente no último ano, foram registrados ao menos dez boletins de ocorrência contra o comerciante pelas acusações que faz na rede social. Os casos são de injúria, calúnia, difamação e ameaça. As denúncias foram feitas, não só por políticos, mas por servidores públicos ofendidos ou expostos em suas transmissões.
O que diz a defesa
Ao g1, o advogado de defesa de Júnior disse que ele ainda não foi condenado pelos processos citados pela reportagem e que os boletins de ocorrência registrados, ainda estão em fase de investigação.
“Todos podem ser processados, mas o que vale é a condenação e ele não foi condenado em nenhum dos casos. Os boletins de ocorrência geraram inquérito que ainda está em andamento. Fazer BO é uma coisa, nem sabemos se esses casos vão adiante. Todas as denúncias que ele faz são críticas à má prestação de serviço na administração pública e não como um ataque pessoal”, disse Danilo Gerage. Com informações do g1.