Quase metade dos lares liderados por mulheres negras sofrem algum grau de insegurança alimentar. O dado é apontado por levantamento feito entre 2018 e 2020 pela Universidade Federal da Bahia (Ufba).
Em Salvador, quatro de cada 10 famílias vivenciam um nível de insegurança alimentar, representando 40,90%. Além disso, 9% dessas famílias sofrem com insegurança alimentar severa, grau quando falta alimento na mesa.
Ainda na capital baiana, quase metade dos lares chefiados por mulheres negras sofrem com insegurança alimentar de grau leve, moderado e até grave. O grau moderado se refere a uma restrição na quantidade da alimentação e a grave é a fome.
Os maiores índices de insegurança alimentar foram encontrados nas ilhas de Maré (83,5%) e de Bom Jesus dos Passos (74%), além do Calabar (71,2%). Os bairros com os menores percentuais são o Itaigara (5,9%) e o Caminho das Árvores (6,9%).
Em uma perspectiva de raça e gênero, a pesquisa mostra uma maior desigualdade. 74% dos lares em Salvador comandados por homens brancos não possuem qualquer problema para se alimentar. O levantamento considerou cerca de 14 mil domicílios em diferentes bairros da capital baiana.
“Salvador é uma capital majoritariamente negra, ou seja mais de 80% das pessoas se autodeclaram pretas ou pardas e apenas 6% se consideram homens brancos. Apesar de ser maioria, a população negra vivencia mais a insegurança alimentar e isso revela justamente o processo de desigualdade que afeta esse grupo”, contou a pesquisadora da Ufba, Silvana Oliveira. Jornal da Chapada com informações de G1 Bahia.