O homem acusado de tentar matar a fisioterapeuta Isabela Oliveira Conde, de 36 anos, e o ex-namorado dela, mandante do crime, foram condenados por tentativa de feminicídio nesta segunda-feira (22), e cumprirão pena em regime semiaberto. A profissional recebeu 68 golpes de faca.
O júri ocorreu em Salvador e durou mais de 10h. O crime aconteceu no ano de 2019, na época Fábio Vieira era namorado de Isabela Oliveira. Já Alex Pereira dos Santos foi um dos homens acusados de tentar matar a fisioterapeuta. Ambos foram condenados a 10 anos, 8 meses e 7 dias de reclusão, com todas as qualificadoras: feminicídio, motivo torpe, meio cruel e que impossibilitou a defesa da vítima.
O advogado criminalista Levy Moscovits, que representa a vítima, explicou que os acusados vão cumprir pena no regime semiaberto, porque cumpriram mais de três anos da pena. Contudo, ele ainda pretende recorrer da decisão para discutir o regime de cumprimento de pena.
Ainda segundo o advogado, a tese da defesa dos acusados era de que o júri não aceitasse o feminicídio e concordasse que os réus tentaram apenas lesionar a vítima, sem ter a intenção de matar. No entanto, o júri não aceitou essa tese e os homens foram condenados.
“Depois de muitas horas de júri, o conselho de sentença, composto pelos jurados, deliberou pela condenação dos réus por tentativa de feminicídio. Diante disso, sentindo que a justiça foi feita, que fique a mensagem de que a sociedade baiana não tolera feminicídio e violência doméstica contra a mulher”, ressaltou Moscovits.
Caso
A fisioterapeuta foi golpeada com 68 facadas em 28 de fevereiro de 2019 e perdeu a visão de um dos olhos após o ocorrido. Ela precisou se fingir de morta para sobreviver.
O ex-namorado da vítima, Fábio Barbosa Vieira, e outros dois rapazes, Alex Pereira dos Santos e Adriano Santos de Jesus, foram buscar a fisioterapeuta no trabalho. Dentro do carro, os dois amigos, que estavam no banco de trás, desferiram as 68 facadas, a pedido do ex-namorado.
Isabela conta que a agressão ocorreu após ela querer terminar o relacionamento. Convencidos de que ela estava morta, os homens a a jogaram em uma área de mata da BR-324, no trecho do município de Simões Filho, região metropolitana de Salvador. Ela foi socorrida por pessoas que passavam pelo local e levada para o Hospital do Subúrbio, na capital baiana.
Durante o júri, Isabela pediu para ser ouvida sem a presença dos réus. “Deus me deu a vida de volta. Agradeço a ele, à justiça, aos meus advogados, a minha família e amigos e que acreditaram que é possível se fazer justiça. Mesmo diante de tamanha crueldade, é preciso se manter em pé e ter forças para seguir. Fábio não me matou porque Deus permitiu que eu estivesse aqui hoje”, afirmou a fisioterapeuta.
Jornal da Chapada