Se tem uma coisa que o presidente Jair Bolsonaro (PL) não pode ser acusado por seus seguidores favoráveis ao armamento da sociedade é de ter cometido estelionato eleitoral. Isto porque desde dezembro de 2018, quando foi eleito prometendo relaxar a legislação sobre posse de armas, o número de armamentos registrados por caçadores, atiradores e colecionadores (CACs) quase triplicou.
De acordo com levantamento de dados do Exército – responsável por emitir os registros dos CACs – obtidos com exclusividade pelo portal G1 via Lei de Acesso à Informação, já são mais de um milhão de armas circulando na sociedade brasileira nas mãos de civis. O aumento é 187% em relação a dezembro de 2018, quando o número de armas registradas estava em 350,6 mil em todo o país.
São cerca de 673 mil brasileiros registrados como CACs que possuem este arsenal de um milhão de armas. A categoria de atiradores pode adquirir desde revólveres simples até fuzis, e podem possuir até 60 armas. Metade dessas 60 armas podem ser de uso restrito. Já os caçadores podem ter até 15 armas e, para os colecionadores não existe um limite para a aquisição de armamentos. Ainda de acordo com o levantamento, diariamente são cerca de 450 brasileiros adquirem novas permissões para portar armas.
Os Estados que lideram a lista de registros são São Paulo e Rio Grande do Sul. Em SP são hoje 280 mil armas nas mãos de CACs, contra 133 mil em 2018. Mais do que dobrou. Já em terras gaúchas, são cerca de 148 mil armas registradas contra 66 mil em 2018.
A 12a Região Militar, que soma os Estados de Amazonas, Acre, Roraima e Rondônia, tinha em 2018 cerca de 2500 armas nas mãos de CACs e hoje essa cifra aumentou em dez vezes, chegando a 21 mil armas em julho deste ano. Já a 8a Região, que abrange a porção oriental da Amazônia e engloba Pará, Amapá e Maranhão (este último não necessariamente amazônico) pulou de 4 mil armas em 2018 para 20 mil em 2022.
Receoso do aumento da circulação de armas e da escalada de animosidades e violências políticas eleitorais no Brasil, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu na última terça-feira (30) que está proibido o porte de armas em seções eleitorais. O descumprimento da decisão, por parte do eleitor, pode ser enquadrado como porte ilegal de armas e crime eleitoral. Redação da Revista Fórum com informações do G1.
Confira a seguir os dados de 2018 ao lado dos de julho deste ano em todas as regiões militares do país:
– 1a Região (RJ e ES): 2018 – 22.251 / 2022 – 41.280
– 2a Região (SP): 2018 – 133.365 / 2022 – 279.507
– 3a Região (RS): 2018 – 65.578 / 2022 – 148.526
– 4a Região (MG exceto Triângulo): 2018 – 18.522 / 2022 – 57.945
– 5a Região (PR e SC): 2018 – 41.051 / 2022 – 171.907
– 6a Região (BA e SE): 2018 – 7.845 / 2022 – 28.136
– 7a Região (AL, PE, PB, RN): 2018 – 7.939 / 2022 – 39.657
– 8a Região (PA, AP e MA): 2018 – 4.045 / 2022 – 19.976
– 9a Região (MT e MS): 2018 – 8.989 / 2022 – 45.685
– 10a Região (CE e PI): 2018 – 12.126 / 2022 – 30.262
– 11a Região (DF, GO, TO e Triângulo mineiro): 2018 – 26.135 / 2022 – 122.648
– 12a Região (AM, AC, RR, RO): 2018 – 2.643 / 2022 – 21.196