Nascido em Parma, na Itália, e naturalizado brasileiro após se mudar para Minas Gerais em 1976 para fundar a SADA Transportes e Armazenagens, em Betim, cidade da qual atualmente é prefeito, Vittorio Medioli (sem partido) incluiu apenas mais uma polêmica na sua coleção ao defender a separação do Nordeste do Brasil após a vitória de Lula (PT), eleito com voto maciço dos eleitores da região para seu terceiro mandato à Presidência.
No texto publicado no jornal O Tempo no último domingo (6), Medioli defende movimentos golpistas e diz que “com o fim das eleições, temos, então, dois Brasis”.
“Um que produz mais e arrecada impostos, e outro, paradoxalmente mais carente, que vive das transferências. Dessa forma, a divisão territorial, por meio de um “divórcio consensual”, está com suas sementes se espalhando. É preciso avaliar se isso será “menos pior” do que a possibilidade de uma situação que possa caminhar para uma guerra civil. Dar a Lula o que é de Lula e a Bolsonaro o que é de Bolsonaro seguiria um antigo pensamento. O separatismo, presente em outros momentos da história brasileira, não seria, à primeira vista, a solução mais adequada, mas, nesse caso, a vontade popular, por meio de plebiscitos, seria talvez a única solução para resgatar a legitimidade ameaçada”, diz no artigo, exalando xenofobia e preconceito.
Crimes e ameaças
Muito bem recebido no Brasil em 1976, Medioli foi condenado em 2015 pela Justiça Federal de Minas Gerais, a cinco anos e cinco meses de prisão por crimes de evasão de divisas e manutenção clandestina de depósitos no exterior.
Dono do jornal O Tempo e do popular Super Notícias – entre outros veículos -, Medioli usou seu poder para perseguir jornalistas mineiros que publicaram a condenação. Em 2017, o empresário entrou com vários processos censurando jornalista que publicaram notícias sobre sua condenação de crime federal.
A investigação, um desdobramento do caso Banestado, revelou que Medioli usou doleiros para lavar dinheiro sujo nos Estados Unidos no ano de 2002, quando era deputado federal pelo PSDB.
Em 2018, Vittorio Medioli foi processado por formação de cartel e formação de quadrilha no setor de transporte de veículos novos.
Política
Eleito deputado federal pelo PSDB em 1991 – sendo reeleito por outros três mandatos – o imigrante italiano usou sua influência na mídia mineira para calar e perseguir jornalistas durante os governos de Aécio Neves (PSDB) no Estado.
Em seus mandatos, Medioli fez lobby por uma reforma tributária para reduzir os impostos pagos pelos empresários.
Em 2009, após deixar o Congresso, filiou-se ao PHS, partido pelo qual foi eleito prefeito de Betim pela primeira vez, em 2016. Teve breve passagem pelo Podemos e foi reeleito prefeito pelo PSD em 2020. Deixou a sigla em 2021, após aderir à base de Jair Bolsonaro (PL).
“Não fui claro”
Após o artigo xenófobo contra nordestinos, o imigrante italiano escreveu novo texto em seu jornal, nesta segunda-feira (7), em que diz que “não fui claro; por isso, a minha explicação”.
No entanto, Medioli retoma o tom xenofóbico ao dizer que “não há dúvida de que há divergências de pensamento, hábitos e costumes, agravados pela maciça transferência de renda, como mencionei no artigo anterior”.
O prefeito de Betim diz que “em momento nenhum tive a intenção de ser preconceituoso” e que “falava do sentimento de uma parte da população, moradora de regiões fora do Nordeste, que estão reagindo mal ao resultado das eleições”, em relação aos atos golpistas.
“Não há dúvida de que há divergências de pensamento, hábitos e costumes, agravados pela maciça transferência de renda, como mencionei no artigo anterior. Porém, não foi a minha vontade nem meu genuíno desejo sugerir que as regiões fossem separadas”, diz. Com informações da Revista Fórum.