O mês da consciência negra é celebrado em novembro no Brasil e representa um marco nas políticas de ações afirmativas. Na Chapada Diamantina, a cultura negra está presente em diversas tradições e ações pelas diferentes cidades e vilas, mostrando que o movimento existe e resiste em diferentes formas. Conheça cinco expressões da consciência negra na região chapadeira que se integram na luta contra o racismo, pela promoção da cultura afro brasileira e pela valorização das matrizes religiosas africanas.
1. Territórios Quilombolas
A Chapada Diamantina reúne mais de 80 comunidades quilombolas reconhecidas pela Fundação Palmares espalhadas por cidades como Andaraí, Lençóis e Rio de Contas, marcadas pela presença da cultura negra. Nessas comunidades, saberes e modos de fazer ancestrais preservam a resistência de culturas e identidades de matriz africana. Alguns desses territórios oferecem aos viajantes roteiros de base comunitária e recebem turistas do mundo todo com rodas de conversa, apresentações da arte, culinária regional e do artesanato local. Saiba mais detalhes aqui.
2. Roteiros comunitários
Conhecer a cultura da Chapada Diamantina é uma nova forma do turista vivenciar a realidade local e incluir diretamente, social e economicamente, os moradores locais. Um exemplo tradicional é a Associação Grãos de Luz, criada em Lençóis, que desenvolve um projeto pedagógico de educação não-formal nas comunidades da região. O trabalho pode ser conhecido através das Trilhas Griôs, um roteiro turístico que mistura hospedagem em comunidade quilombola, banho de rio, oficinas para fabricar produtos artesanais, como doces de frutas silvestres e rede de pesca, além de aprender com as experiências de rendeiras, parteiras, sanfoneiros e garimpeiros. Esse roteiro dura de um até quatro dias com organização do Grupo Calumbé, formado por jovens nativos integrantes da associação. Acesse mais informações aqui.
3. Religiosidade afrobrasileira
O Jarê é um culto sincrético surgido na Chapada Diamantina em meados do século XIX durante o desenvolvimento do garimpo de diamantes. Nele, a mistura de crenças de povos europeus, indígenas e africanos se revela com uma marcante predominância dos Orixás em uma relação com os Caboclos. O site “Memórias das Cantigas do Jarê” é uma iniciativa do terreiro Palácio de Ogum e Caboclo Sete Serra, localizado na cidade de Lençóis, que visa preservar e difundir a tradição local-regional. Leia mais sobre essa tradição aqui.
4. Arte afrocentrada
Com o teatro, a expressão negra se renova a cada dia. Com a música, o toque dos tambores dão graça ao mundo. Artistas negros e negras tem sido destaque da Chapada Diamantina para o mundo. É o exemplo de Ricardo Boa Sorte e Gal Pereira. Ricardo além de cantor é também compositor, dançarino e performer, ele se apresenta em Salvador e por cidades da Chapada Diamantina. Gal é uma atriz quilombola que tem alavancado sua carreira pela Europa com plateias em capitais culturais como Bruxelas e Paris para o espetáculo teatral do premiado livro Torto Arado do autor baiano Itamar Vieira Junior. Livro que tem como tema o trabalho escravo contemporâneo em uma fazenda na Chapada Diamantina.
5. Cultura popular
Além das manifestações tradicionais preservadas, como as baianas e a capoeira, algumas têm sido resgatadas. O Boi Diamante de Lençóis é um exemplo de grupo contemporâneo, criado em 2021. O movimento cultural é realizado por artistas, educadores, pesquisadores e amantes da cultura popular que vivem na cidade e desejavam promover essa tradicional festa de rua e transmitir seus conhecimentos. A ideia do grupo é reverenciar a memória do brinquedo popular “Boi Bumbá”, que também é celebrado em outras cidades das regiões Nordeste e Norte do Brasil. Ao ritmo do Samba de Coco, marcado pelos tambores alfaias, o Boi Diamante realizou um festival e foi às ruas com os moradores e turistas. Veja fotos do cortejo aqui. Com informações do Guia Chapada Diamantina.