O pai do menino Danilo Pignato, de 8 anos, que morreu atropelado em uma avenida, agiu em legítima defesa ao matar motorista que causou o acidente em Goiânia, segundo a conclusão do inquérito da Polícia Civil, divulgada nesta quinta-feira (22). O atropelamento foi registrado por câmeras de segurança.
“De acordo com o entendimento da Polícia Civil, o autor agiu em legítima defesa, pois ao tentar impedir que o atropelador fugisse do local, entraram em luta corporal e o uso da força foi o único meio capaz de repelir a injusta e atual agressão que ocorria contra ele”, diz nota da corporação.
No carro do motorista que atropelou e matou a criança, foram encontradas bebidas alcoólicas que levaram à conclusão que ele estava embriagado no momento do crime.
A Polícia Civil informou que o inquérito será remetido ao Judiciário para adoção das providências cabíveis. A investigação do crime cometido pelo motorista será arquivada porque ele morreu (leia mais abaixo).
No dia do atropelamento, no sábado (17), a Polícia Militar (PM) esclareceu que o menino acompanhava o pai, Dedilson de Oliveira Sousa, que estava vendendo balas no semáforo. O condutor do VW Gol que matou a criança era Francilei da Silva Jesus.
O carro surgiu desgovernado e invadiu o canteiro da avenida onde estava Danilo e o pai. O impacto foi tão forte que o menino morreu no local. Percebendo que o motorista queria fugir sem prestar socorro, o pai se revoltou e agrediu o homem com pedradas na cabeça, segundo a PM.
Mudanças na investigação
A delegada titular da Delegacia de Investigação de Homicídios (DIH), Ana Elisa Gomes, explicou anteriormente que as características do crime cometido pelo pai poderiam considerar este caso como homicídio privilegiado, antes da mudança do entendimento para a legítima defesa.
“O pai da criança, ao agredir o autor do atropelamento, agiu sob violenta emoção. Ele testemunhou a morte do próprio filho num acidente que ele e a criança não contribuíram de forma alguma para que acontecesse. Quando ele age pela emoção do filho morto na presença dele, tem sim a possibilidade do homicídio privilegiado, que tem pena reduzida diante das circunstâncias”, esclareceu a delegada.
Morte do motorista
O condutor do VW Gol era Francilei da Silva Jesus. Segundo a polícia, ele poderia estar bêbado quando atropelou o menino. No local do crime, agentes da Polícia Civil encontraram um copo térmico no veículo, que é geralmente usado para tomar bebida alcoólica.
Segundo a investigação da Delegacia de Trânsito, Francilei perdeu o controle do carro ao entrar na Avenida Consolação, no Setor Canaã, e invadiu o canteiro central da pista, onde Danilo e o pai estavam lanchando embaixo de uma árvore.
O veículo atropelou o menino e o prensou contra a árvore. O impacto da batida foi tão forte que Danilo morreu no local. Revoltado, o pai disse que o motorista queria fugir sem prestar socorro e o agrediu, mas que não teve a intenção de matar.
Francilei da Silva foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros em estado gravíssimo. Ele ficou internado no Hospital de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol) e morreu três dias depois.
Atropelamento
A câmera de segurança mostra Danilo lavando as mãos num posto de combustíveis. Ele atravessa a avenida e volta a ficar junto do pai no canteiro central. Segundos depois, o carro vira na avenida. O motorista desgovernado sobe no canteiro e atinge em cheio pai e filho.
Outra câmera mostra que depois da batida, o pai é jogado para fora da pista. Ele se levanta e começa a brigar com o motorista. Eles entram em luta corporal.
Prisão
Após as agressões, o pai do menino chegou a ser preso suspeito de tentativa de homicídio, mas foi solto após uma audiência de custódia. A juíza Luciane Cristina Duarte da Silva apontou que o crime aconteceu devido à forte emoção do pai ao ver o filho morto.
“Não há como ignorar a situação em que os fatos se deram, não podendo mensurar a dor e a fortíssima emoção sentida pelo autuado que o levou a agir daquela maneira naquele momento, a fim de impedir a fuga do condutor do veículo que ceifou a vida de seu filho”, escreveu a juíza. Com informações do g1.