O interventor da segurança pública no Distrito Federal, Ricardo Cappelli, declarou que os atos terroristas que ocorreram no dia 8 de janeiro, em Brasília, não teriam acontecido sem a conivência de pessoas “presentes na estrutura do Estado brasileiro”.
“A situação é gravíssima. Não há dúvida que a linha golpista, extremista bolsonarista penetrou em parcelas importantes do governo. O dia 8 ainda não acabou. Há muita história a ser contada e desvendada e vamos até as últimas consequências para apurar tudo. A sociedade brasileira vai saber o que aconteceu e quem participou dessa ação”, afirmou Caoppelli, em entrevista ao Fórum Onze e Meia desta segunda-feira (16).
O interventor mencionou, ainda, depoimentos de policiais que apontaram a participação de “profissionais no campo de batalha, com aplicação de táticas de combate” nos atos terroristas de Brasília. “Eles, inclusive, usaram luvas especiais para pegar as bombas de efeito moral e devolver. Trata-se de uma organização criminosa. Todos serão identificados e tratados na forma da lei”.
Cappelli disse, também, que o país viveu momentos de tensão no dia 8. “Ninguém imaginava que a ousadia da extrema direita chegasse a tanto. O que aconteceu foi inaceitável, não há precedente”. O interventor relatou que logo que foi nomeado para a função pelo presidente Lula (PT) passou a comandar diretamente as ações de combate aos golpistas.
Questionado sobre o fato de o Exército não ter permitido que a Polícia Militar (PM) desmontasse o acampamento de Brasília no dia 8, Cappelli explicou: “Quando me dirigi ao setor militar urbano, recebei um apelo do general Dutra no sentido de promover a operação de desmonte a partir das 6h30 de segunda-feira (9), pois à noite poderia gerar conflito”.
Acampamentos eram “incubadoras de planos golpistas”
Ele classificou os acampamentos como “incubadoras de planos golpistas, QG onde eram tramados planos contra o Estado Democrático de Direito”.
“Tenho plena confiança na Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF). Hoje será aberto o quinto inquérito pela Corregedoria para apurar conivência, negligência ou cumplicidade. É preciso resgatar a credibilidade e a confiança da instituição”, destacou.
“Esse tipo de manifestação tem o objetivo de impedir que o presidente Lula governe. Mas isso não vai acontecer. Tenho certeza que ele vai recolocar o país no caminho da legalidade e da tranquilidade”, completou Cappelli. Da Revista Fórum.
Assista à íntegra da entrevista: