O Brasil teve 131 pessoas trans assassinadas em 2022, uma média de 11 por mês, segundo relatório anual da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). As vítimas foram 130 mulheres trans/travestis e 1 homem trans. O índice aponta o país como o mais violento do mundo contra esse público, de acordo com o estudo.
Ainda segundo o relatório, a Bahia é o sétimo estado que mais mata travestis no país, com sete vítimas mortas em 2022. Apesar dos números, o estado apresentou melhora no ranking. No ano passado, a Bahia foi o segundo estado com mais mortes, com 13 casos. Do total dos casos onde foi possível determinar o local do crime, 64% ocorreram em cidades do interior dos estados e 61% das mortes foram em locais públicos.
O perfil das vítimas segue o mesmo: a maioria é mulher trans/travesti, negra e que vive da prostituição. E a maioria (65%) foi morta com requintes de crueldade. Uma das vítimas na Bahia no ano passado foi Larissa, morta a tiros na cidade de Vitória da Conquista, no sudoeste do estado. Na época, no entanto, a polícia informou que as investigações iniciais apontam que o crime não se configura como LGBTfobia, e que teria relação com tráfico de drogas.
Também no ano passado, uma adolescente trans de 16 anos foi morta a facadas, em Ibicaraí, no sul da Bahia. A vítima foi identificada Kauana Vasconcelos. “Eu não acreditei quando soube, minha filha era uma pessoa tão boa”, desabafou Wellington de Jesus, pai da jovem.
Neste ano, uma travesti foi morta com um tiro no rosto, na cidade de Barreiras, no oeste do estado, no início de janeiro deste ano. Segundo informações da Polícia Civil, o caso aconteceu no bairro de Santa Luzia. O suspeito de matar a vítima, identificada como Rayca, fugiu após cometer o crime.
Mortes no Brasil
O número de assassinatos em 2022 ficou abaixo dos 140 contabilizados no ano anterior, mas acima da média da série histórica iniciada em 2008, que é de 121 mortes por ano. A série inclui dados contabilizados pelo Grupo Gay da Bahia, até 2016, e pela Antra, que começou a produzir um dossiê dos assassinatos em 2017.
A Antra explicou que o número de assassinatos pode ser maior porque não existem dados oficiais sobre a violência contra essa população no Brasil. Pelo 14º ano, o país continua sendo o que mais mata pessoas trans no mundo.
Ministro fala em ‘mudar realidade’
O documento, divulgado pouco antes do Dia Nacional da Visibilidade Trans, que é no próximo domingo (29), foi entregue aos ministros dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, e da Igualdade Racial, Anielle Franco, em evento na tarde desta quinta (26), em Brasília.
“É possível construir um país com esses números que a gente viu agora? É possível construir alguma coisa que se chama nação suportando assassinatos de pessoas apenas porque elas são como elas são?”, questionou Silvio Almeida. Com informações do g1 Bahia.