Por Vitor Fernandes
A demanda da criação de uma Universidade Federal da Chapada Diamantina voltou a ser tema esta semana na imprensa baiana. Projeto parado há mais de 10 anos não consegue força política para sair do papel todo esse tempo. Já foram deputados e senadores, até os governadores petistas dos últimos 16 anos tentaram, mas nada foi resolvido. Na realidade, nem as unidades estaduais e federais que estão instaladas na região chapadeira têm a atenção devida das autoridades, seja do governo estadual ou federal. E uma nova unidade só aumentaria o sucateamento do ensino superior da Chapada – que tem sido mantido aos trancos e barrancos.
No entanto, o prefeito de Andaraí, Wilson Paes Cardoso (PSB), resolveu usar o assunto como palanque durante a posse como vice-presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), na última segunda-feira (13). Em entrevista ao site Bahia Notícias, o gestor destacou a importância do novo cargo e o que deve ser prioridade durante a administração. Ele usa a criação da Universidade da Chapada como cortina de fumaça para os problemas no setor de educação no município que administra. Em Andaraí, estudantes denunciam as péssimas condições do transporte escolar, por exemplo. Mesmo com unidades de ensino modernas a serem entregues, a valorização aos professores e estudantes é precária ou inexiste. E é também denunciado por perseguição política a comerciante.
“Conseguimos desde o período de Zé Cocá, o entendimento que a Federação do Consórcio e a UPB devem andar de mãos dadas, pois representamos mais de 400 municípios em nosso estado. Com a UPB vamos alavancar a Chapada, que é a bola da vez, com muitos investimentos. Eu, como presidente do consórcio Chapada Forte, consegui um orçamento de mais de R$ 50 milhões para ser aplicado na agricultura familiar e gestão ambiental. E agora, com a união da UPB, temos um grande aliado à Universidade Federal da Chapada, que já tem o entendimento do governador Jerônimo e de todos os envolvidos. O projeto já está bem adiantado, trabalhamos isso há mais de dois anos e agora vai”, afirma. De acordo com Wilson Cardoso, estudos estão sendo feitos para saber qual a melhor localização para abrigar a universidade.
O gestor só esqueceu de falar que quem abre ou fecha universidades federais são o Ministério da Educação (MEC) e o Congresso Nacional, não é o governo estadual. Não basta o governador Jerônimo querer ou Wilson Cardoso espernear para a imprensa que o projeto sairá do papel porque é ridículo. Não poderia deixar que essa informação passasse despercebida, até porquê de falácia e maus tratos o povo está cheio.
*Vitor Fernandes é editor-chefe do Jornal da Chapada e jornalista por profissão