No século 21, o sonho de ser mãe tem sido cada vez mais adiado por mulheres que buscam um lugar ao sol no mercado de trabalho e independência financeira. O grande problema é que a mulher moderna, muitas vezes, só resolve ter filhos justamente quando sua fertilidade começa a declinar. Por isso, é cada vez mais comum a busca por ajuda especializada para conseguir engravidar. Para preservar a capacidade reprodutiva do sexo feminino, o congelamento de óvulos, através da técnica de vitrificação, é uma alternativa que possibilita que as mulheres adiem a gestação e ainda que engravidem utilizando os próprios gametas mesmo com uma idade mais avançada.
“As jovens, no passado, tornavam-se mães por volta dos 20 a 25 anos de idade, no auge da sua fertilidade. Hoje essa realidade mudou completamente e, muitas vezes, a mulher só começa a tentar ter filhos no momento em que sua fertilidade já começou a declinar”, afirma a médica Valentina Cotrim, especialista em Reprodução Humana da equipe do Cenafert – Centro de Medicina Reprodutiva. A especialista lembra que a idade é um dos fatores naturais que mais afetam a fertilidade feminina. “A partir dos 35 anos de idade, a fertilidade da mulher começa a cair progressivamente e uma gravidez espontânea se torna mais difícil”, acrescenta a médica.
Congelamento de óvulos (vitrificação)
Um dos avanços na área de reprodução assistida, o método de vitrificação usado para criopreservação de gametas femininos, tem promovido uma revolução na maternidade. Desenvolvida no Japão por uma equipe liderada pelo cientista japonês Masashige Kawayama, a técnica para conservar óvulos humanos representa uma solução para um dos grandes desafios da Reprodução Assistida: preservar a fertilidade da mulher. Através dessa técnica, os óvulos são preservados em baixa temperatura (-196ºC) e de maneira muito rápida, garantindo a sua qualidade no ato da desvitrificação (descongelamento) para posterior fertilização.
“Essa técnica é indicada para mulheres que desejam adiar a maternidade por motivos pessoais e profissionais ou em alguns casos de tratamento oncológico, quando a mulher pode ter sua fertilidade comprometida”, explica a médica Sofia Andrade, especialista em Reprodução Humana da equipe do Cenafert.
Considerada eficaz e segura, a técnica de vitrificação é um método avançado de criopreservação e proporciona taxas de gestação altas, uma vez que o procedimento preserva as características, a idade e a qualidade dos gametas femininos. Durante o processo de congelamento, os óvulos são desidratados e tratados com substâncias crioprotetoras antes de serem congelados.
No entanto, os especialistas são unanimes com uma recomendação: a técnica apresenta resultados melhores quando o congelamento é realizado em mulheres até os 35 anos. “Após essa idade a quantidade de óvulos saudáveis reduz significativamente”, explica Sofia Andrade.
Saúde reprodutiva
“Muitas mulheres decidem ter filhos numa idade mais avançada e chegam no consultório sem nunca ter feito uma avaliação da sua condição reprodutiva”, revela Valentina Cotrim. A médica ressalta a importância dos cuidados com a saúde reprodutiva. “A mulher de 30 anos, por exemplo, que sonha em ter filhos no futuro precisa cuidar da sua saúde reprodutiva”, explica.
Nestes casos é indicado uma consulta com especialista em Reprodução Humana, que vai avaliar o histórico familiar da paciente, hábitos de vida que podem comprometer a fertilidade e a regularidade do seu ciclo menstrual, dentre outros fatores. A mulher passa também por exames de sangue e de imagem para identificar possíveis fatores de risco para infertilidade, como questões hormonais, reserva ovariana e infecções que podem comprometer o aparelho reprodutor.
De acordo com a especialista, uma mulher com menos de 30 anos e vida sexual ativa, que deseja ser mãe, pode esperar até dois anos para que aconteça a gravidez se ela já foi avaliada por um especialista e não apresenta nenhum problema que possa afetar sua fertilidade. Caso a mulher tenha mais de 30 anos não deve aguardar mais que um ano para iniciar uma investigação com o especialista. Se atingiu 35 anos, o prazo de espera não deve ultrapassar seis meses. Após os 40 anos se a mulher deseja engravidar deve, de imediato, iniciar a investigação da sua capacidade fértil. As informações são de assessoria.