Funcionários do Sistema de Rádio e Televisão Educativas (Surte), na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), denunciaram casos de assédio moral no setor. Os profissionais dizem que tiveram a privacidade invadida nas redes sociais como consequência de perseguições e intimidação.
Uma profissional, que preferiu não revelar a identidade, falou que foi diagnosticada com transtornos pós-traumático após ser vítima do assédio. “Aquela sensação de falta de ar, agonia na barriga, no estômago, falta de apetite, não consigo dormir, pensamentos recorrentes. São coisas que atrapalham nosso dia a dia e tem dias que não dá vontade nem de levantar da cama”, contou.
Segundo a profissional, depois do recesso do carnaval, ela percebeu que tinha esquecido o aplicativo de mensagens aberto em um computador em que trabalhava, na universidade. Suas conversas teriam sido lidas e divulgadas por chefes imediatos e colegas de trabalho. Mesmo com essa situação, ela foi demitida.
De acordo com a profissional, depois de expor conversas profissionais e pessoais, perfis fakes começaram a atacá-la com ofensas. Ela prestou queixa na Polícia Civil. “Além dessas conversas que foram vazadas, dois perfis fakes enviaram mensagens para minhas amigas sugerindo e inventando coisas da minha vida baseadas pelas conversas do WhatsApp”.
Uma outra vítima diz que só não foi demitida porque é concursada. Mas, foi transferida para outro setor sem nenhuma explicação. “Eu fui abordada pelo meu diretor, que me convidou para uma reunião com mais dois coordenadores. Nessa reunião, ele me informou que eu seria transferida para outro setor da universidade, que já estava tudo decidido e que naquele dia eu estava dispensada das minhas atividades laborais”, afirmou.
Investigação e repúdio
Depois das denúncias de assedio moral dos jornalistas que trabalhavam no Surte e também na assessoria de comunicação da instituição, o Sindicado dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba) cobrou providências da reitoria da Uesb. “Nossa primeira postura foi procurar a reitoria da universidade com um pedido de abertura de processo de investigação para apurar se as denúncias condizem com a realidade dos fatos”, disse o delegado do Sinjorba, Moacy Neves.
Funcionários e jornalistas que trabalham no Sistema Uesb de Rádio e Televisão Educativas assinaram uma nota em apoio à direção do Surte. O Colegiado do Curso de Jornalismo da Uesb também divulgou nota afirmando que não compactua com nenhum tipo de assédio, e defende que o caso seja averiguado conforme os trâmites institucionais, seguindo os princípios da celeridade, do rigor e da transparência.
A reportagem da TV Sudoeste entrou em contato com a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, mas foi informada que a instituição só vai se posicionar após a finalização do processo. Por meio de nota, a universidade disse que uma sindicância interna será realizada e que um processo administrativo foi instaurado.
Afirmou ainda que o professor diretor do Surte, Rubens Sampaio, está afastado do cargo desde o dia 7 de março. A direção foi assumida por Cíntia Garcia, que já estava à frente da assessoria de comunicação da Uesb. O afastamento ocorrerá até o fim do processo, mas até o momento nada foi publicado no Diário Oficial da universidade. Os jornalistas que denunciaram o caso esperam que a Universidade Estadual do Sudoeste tome providências para que casos como esse não voltem a acontecer.
Um grupo de ex-alunos do curso de jornalismo da Uesb também divulgou nota com repúdio as práticas de assédio moral e pedidos de apuração rigorosa das denúncias. A Associação dos Docentes da Uesb (Adusb) disse que repudia toda e qualquer atitude de assédio, violência de gênero e opressões e defende uma rigorosa apuração do caso.
A APLB Sindicato e o Sindicato do Magistério Municipal de Vitória da Conquista também divulgaram nota de repúdio ao caso. O Ministério Público do Trabalho (MPT) disse que apura a denúncia. A Polícia Civil informou que uma ocorrência foi registrada na delegacia. As informações são do site G1 Bahia.