O ativista do movimento negro, professor da rede estadual de ensino e cientista social, Kleber Rosa, destaca que não “está vendo” nos pedidos de revogação do novo ensino médio um debate sobre a questão racial. O ex-candidato ao Governo da Bahia salienta que o projeto do novo ensino médio, do Governo Bolsonaro, ao reduzir a carga horária de disciplinas que são fundamentais à construção do “pensamento crítico” e obrigatórias na prova do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e em processos seletivos para ingresso no mercado de trabalho, tenta negar o acesso da população negra às universidades, aos concursos públicos e submeter aos subempregos.
“Qual é a relação entre o novo ensino médio e as políticas de cotas raciais? É preciso dizer que as elites brasileiras sempre tentaram negar o acesso à educação como parte de um projeto de controle e de dominação do povo negro no nosso país. As elites sempre tentaram nos manter fora da escola e, posteriormente, nos negar conteúdos pedagógicos que sejam capazes de fazer com que a gente se enxergue enquanto sujeitos do processo histórico. Vale ressaltar que essa sempre foi uma estratégia muito bem elaborada pelas elites brancas e racistas para manutenção do quadro de exclusão social e dos privilégios”, reflete o professor Kleber Rosa.
O ativista frisa que a implementação do sistema de cotas nas universidades públicas foi uma importante vitória dos movimentos negros do país e, por outro lado, uma derrota crucial para as elites brasileiras que se viram obrigadas a dividir o espaço da universidade com a população negra. “Portanto, pedimos revogação do novo ensino médio já! Todo mundo precisa entrar nessa luta em defesa de um projeto de educação pública que seja verdadeiramente emancipatório e libertador para o povo negro desse país”, finaliza Kleber Rosa. As informações são de assessoria.
