A professora Isabel Oliveira, de 43 anos, tirou a roupa dentro de um supermercado de Curitiba, na última sexta-feira (7), para protestar contra racismo em uma unidade do supermercado Atacadão, no bairro Portão. Segundo ela, a manifestação aconteceu depois dela ter sido perseguida por um segurança enquanto fazia compras.
Isabel relatou que foi até o estabelecimento para fazer compras para a Páscoa programada com a família. Em certo momento, contou ao g1, a professora começou a reparar que um segurança a seguia em todos os lugares que ela ia.
“Eu olhava pra ele, ele desviava o olhar. Num momento eu olhei pra ele e fiquei esperando pra ver o que ele ia fazer. Ele ficou desconfortável. Caminhei mais um pouco e ele continuou olhando”, disse.
Em seguida, ela disse que foi conversar com o homem e perguntou se ela apresentava ameaça para a loja. Ele negou.
Em nota, a empresa disse que apurou o caso, ouviu os funcionários e analisou as imagens de câmera de segurança. Disse ainda que não identificou indícios de abordagem indevida e que se colocou à disposição de Isabel.
🚨 RACISMO NO MERCADO ATACADÃO
Após ser perseguida pelo segurança enquanto tentava comprar o leite de sua filha, a professora Isabel Oliveira retornou ao mercado seminua em ato de repúdio.
Mercados que veem nossos corpos negros como ameaças não merecem nosso dinheiro! pic.twitter.com/jsvJglJ3Bx
— advogato OG® (@valneifils) April 8, 2023
Questionamentos
Segundo Isabel, ainda no mercado, ela chegou à conclusão de que não podia aceitar a situação e ligou para a polícia para denunciar.
A professora contou que foi questionada pelos policiais se funcionários da empresa recusaram atendimento ou se houve algo que caracterizasse crime de racismo.
A gerente da loja procurou Isabel. “A gerente me ofereceu um copo d’água. Mas eu queria respeito, só isso. Ela pediu desculpas e falou que a empresa ia tomar as providências cabíveis”, contou.
Desabafo nas redes sociais
Nas redes sociais, a professora gravou um vídeo e postou contando como se sentiu mal após toda a situação. Ela informou que se sentiu como uma “marginal”.
Segundo Isabel, o segurança a seguiu por mais de 30 minutos. “Não pode ficar assim, eu tenho dois filhos, não quero que eles passem por isso”, contou chorando.
O protesto
Isabel disse que resolveu dar uma resposta à situação. Algumas horas após o acontecimento, Isabel foi para casa e resolveu voltar ao estabelecimento e protestar.
Escreveu em seu corpo “sou uma ameaça?”. Dentro do mercado, retirou a roupa e ficou somente com as roupas íntimas, deixando a frase a mostra.
“Eu não fui sexualizar nada, era um corpo perguntando se podia ser uma ameaça para aquele ambiente”, concluiu. De acordo com a professora, ninguém fez nada contra o ato de protesto e a empresa não a procurou. Ela informou que fará um boletim de ocorrência nesta segunda-feira (10).
O que diz a empresa
Em nota, a empresa disse que não identificou indícios de abordagem indevida durante uma apuração interna da denúncia. Alegou, ainda, que se colocou à disposição de Isabel.
“Lamentamos que a cliente tenha se sentido da maneira relatada, o que, evidentemente, vai totalmente contra nossos objetivos. A empresa possui uma política de tolerância zero contra qualquer tipo de comportamento discriminatório ou abordagem inadequada”, diz a nota.
A empresa afirmou ainda na nota que realiza treinamento rotineiro com funcionários para que essas ações não aconteçam. “Ressaltamos, ainda, que nosso modelo de prevenção tem como foco o acolhimento aos clientes, com diretrizes de inclusão e respeito que também são repassadas aos nossos colaboradores por meio de treinamentos intensos e frequentes”, conclui. As informações são do G1 Paraná.