Uma mineradora de ferro vem sendo denunciada por moradores de Itaetê por conta dos impactos que podem ser causados após exploração de minérios na Serra da Chapadinha, localizada no município da Chapada Diamantina. Em denúncia ao JC, pessoas que residem na região temem desmatamento, redução da oferta de água e outras ações prejudiciais que estariam sendo praticadas por mineradora não identificada.
“Temos a certeza de que o projeto faz parte de empresa [que atua na região], mas, infelizmente, não temos provas materiais, pois os funcionários que circulam no local não usam logomarca com identificação justamente para que as pessoas não se atentem a empresa”, explicou uma pessoa que não quer ser identificada.
Extração e desmatamento
Conforme a denúncia, a “empresa já fez aberturas de vias, desmatamento e sondagens e verificou o teor de ferro elevado justificando a implantação. Essa empresa recebeu um alvará de pesquisa da ANM que permite a retirada legalmente de mais de 300 mil toneladas de ferro ao ano, enquanto solicitam a lavra definitiva, procedimento normal de todas as empresas de extração”.
Além disso, o transporte e movimentação da empresa teve acesso liberado pela prefeitura de Itaetê. Porém, a mineradora passou dos limites quando extrapolou as permissões concedidas no alvará, que refletem em impactos relevantes no bioma da região. Os residentes da localidade afirmam que a empresa não tem a liberação do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) – órgão responsável pela política estadual de meio ambiente e licencia empreendimentos e atividades de impacto ambiental regional. “Não constata em seus registros liberação para tal procedimento de atividades extras”.
O processo de exploração deve ser feito com a utilização de escavadeiras e explosões das rochas onde ocorrem a formação de detritos. Logo, a instituição privada vem sendo culpada de que suas explorações estão exalando poeira com sedimentos de ferro nas comunidades quilombolas. Além disso, houve acusação de que uma nova implantação está sendo planejada, que pode impactar o bioma da região.
Foram feitas petições para que a mesma não se instale no local. “Estão sendo construídos galpões e a cada semana chegam mais funcionários, que devem começar a se instalar em breve. A luta é para que isso não aconteça”, descrevem os moradores ao Jornal da Chapada.
Abastecimento de água
A Serra da Chapadinha é uma das principais áreas de recarga hídrica do estado da Bahia, que alimenta o Rio Una, afluente do Rio Paraguaçu – responsável pelo abastecimento de água de mais de 60% da região Metropolitana de Salvador. Sem contar as comunidades locais que também serão atingidas. Ao todo são nove assentamentos e três áreas de quilombolas – pessoas que têm sua identidade junto à natureza com base na agricultura familiar e de turismo de base comunitária.
“A luta não é apenas das comunidades locais que serão as primeiras atingidas, mas de todo estado da Bahia”, afirma outra moradora. “Além da questão hídrica, a Serra da Chapadinha abriga uma biodiversidade muito rica com animais mamíferos endêmicos em risco de extinção e felinos de topo da cadeia. Um cnidário (água viva) de água doce foi identificado pela ciência”, conclui a denunciante.
Jornal da Chapada