O ex-presidente Jair Bolsonaro se vendeu no sábado (7) como “alternativa” ao Brasil e ignorou um escândalo que dias antes levou sua casa a ser alvo de busca e apreensão da Polícia Federal. Em um ato do PL Mulher em São Paulo e ao lado de Michelle Bolsonaro, ele começou dizendo que “hoje a palavra estará com as mulheres” e engatou uma fala de cinco minutos. Nada fora de seu script eleitoral em 2022.
Exaltou valores de praxe em sua oratória, da “defesa da família” ao “patriotismo”, e resgatou uma frase que frequentou muitos de seus discursos na campanha eleitoral: “Só a morte bota um ponto final nas nossas vidas. Enquanto ela não chegar, estaremos sempre à disposição para sermos uma alternativa para nosso Brasil”.
Bolsonaro creditou à pandemia e “à guerra lá fora”, referindo-se ao conflito entre Rússia e Ucrânia, por “quatro anos difíceis” na Presidência. Esculpiu para seu mandato uma realidade cor-de-rosa como as roupas de várias convidadas. Falou em “números da economia invejáveis” e, ignorando o negacionismo que lhe fez desaconselhar medidas sanitárias e atrasar a compra de vacinas contra a Covid-19, afirmou que atacou “a questão do vírus”.
Nenhuma palavra sobre a acusação de fraude em seu cartão de vacina, no de sua filha e no de auxiliares, alvo de operação da PF nesta semana. O evento serviu para empossar a deputada Rosana Valle no diretório paulista do PL Mulher, em cerimônia na Assembleia Legislativa do estado. Michelle comanda a aba nacional.
O casal Bolsonaro dividiu a mesa com outros quadros do partido, como seu presidente, Valdemar Costa Neto, e o senador Astronauta Marcos Pontes. Forasteiro partidário era o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que cobiça apoio dos bolsonaristas na próxima eleição municipal. Por ora, os humores ideológicos pendem para o deputado Ricardo Salles (PL-SP), alternativa defendida publicamente pelo colega Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O ex-ministro do Meio Ambiente chegou depois e se juntou às autoridades no tablado.
Sobre a mesa, um gigante crucifixo com a imagem de Jesus, adorno da Casa Legislativa. A claque era sobretudo feminina, com parte do público vestida de rosa e balançando balões rosas e lilás. Esses ficaram numa parte de trás, assistindo aos discursos por um telão e engrossando o coro de “mito” quando Bolsonaro era citado. As informações são da FolhaPress.