O Jornal da Chapada (JC) foi procurado pela voluntária Rosangela Caetano, conhecida como ‘Nega do Gaap’, que fez uma série de denúncias envolvendo o famoso Parque Morro do Pai Inácio, localizado no território de Palmeiras, na Chapada Diamantina. Rosangela, membro do Grupo Ambientalista de Palmeiras (Gaap), que anteriormente cuidava do Morro de forma voluntária, revelou graves problemas relacionados à segurança e à gestão da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e Econômico de Palmeiras (Sedesp), liderada por Naiara Nascimento, pasta responsável pelo parque municipal do Morro.
Até o ano de 2012, a entrada no parque era gratuita. No entanto, desde então, foi implementada uma taxa de entrada para a unidade de conservação protegida pela prefeitura de Palmeiras. Segundo Rosangela, foi firmado um convênio entre o Gaap e o município para gestão do Morro do Pai Inácio, mas devido a questões políticas foi encerrado, resultando em mudanças significativas na gestão do parque.
Rosangela permaneceu como agente administrativa no Morro do Pai Inácio por meio de um edital em 2021, mas alega ter enfrentado diversas dificuldades durante o seu tempo de trabalho. Ela relata acumulação de funções, falta de equipamentos de primeiros socorros, ausência de monitoramento adequado e funcionários sem qualificação. Segundo a denunciante, turistas que se acidentaram no local não recebiam nenhum apoio imediato, e as trilhas estavam repletas de lixo, além de apresentarem sérias falhas na segurança.
“A gente não tinha nenhum equipamento de segurança, os funcionários despreparados para prestar um socorro, sem nenhum tipo de treinamento e fora que não tínhamos roupas adequadas para usar durante o trabalho”, explica. A situação se agravou quando Rosangela relatou uma tentativa de assalto no Morro do Pai Inácio e procurou a Sedesp, responsável pelo local em busca de soluções. “Eu e mais outros funcionários estávamos indo fechar o portão no escuro, sem segurança alguma e totalmente perigoso, e vimos um homem escondido duas vezes”, diz Rosangela.
Segundo a denúncia, “Naiara Nascimento, responsável pela secretaria, não demonstrou interesse em averiguar o caso”. Quando Rosângela alertou novamente sobre o incidente, a Secretaria alegou ter registrado um boletim de ocorrência (B.O.), mas semanas depois a voluntária descobriu que nenhum registro havia sido feito. Diante da situação, Rosangela confrontou Naiara Nascimento em busca de soluções, mas ela teria sido ameaçada pelo advogado da secretária.
A voluntária afirmou ter conhecimento de informações sensíveis e que, por isso, sente que está correndo riscos. A demissão repentina e sem aviso prévio logo após os acontecimentos intensificou seu temor. As denúncias de Rosangela foram levadas aos vereadores Kléber Fernandes (PP) e Giba do Capão (PT), que solicitaram sua presença no plenário da Casa para explicar os fatos. No entanto, Rosangela alega ter sido ameaçada por um dos vereadores presentes ao chegar no plenário, recebendo a mensagem intimidadora de que “falar poderia lhe trazer problemas”.
A situação atual do Morro do Pai Inácio e a gestão do parque foram denunciadas ao JC com diversas irregularidades em relação à limpeza do local, que se encontra em situação precária, como lixo nas trilhas, banheiro com larvas e totalmente sujos. “Na época em que eu trabalhava no parque, a gente que tinha que fazer a limpeza dos banheiros”, lembra Rosangela. A reportagem tentou contato com a pasta responsável pelo monitoramento do Morro do Pai Inácio, mas até o fechamento da matéria não teve resposta. Os espaços estão franqueados para o contraditório.
Jornal da Chapada