O homem preso em flagrante por matar a enteada e o namorado dela, com diversos golpes de faca e facão dentro de casa, na Rua Barros Falcão, no Matatu, em Salvador, na madrugada desta terça-feira (23), confessou o crime à polícia e alegou ter ciúmes da relação entre a companheira e a filha. O suspeito foi identificado como David Silva Barbosa, de 45 anos.
As vítimas, Mariana Angélica Borges de Souza, de 28 anos, e André Couto Passos, de 26, morreram no local. No momento do crime, a mãe de Mariana trabalhava como cuidadora de idosos. Ela ainda não foi ouvida pela polícia. A mãe de Mariana foi acionada por vizinhos, que ouviram uma discussão e pedidos de socorro, vindos do apartamento da família. Ao chegar no prédio, ela encontrou equipes da Polícia Militar, que também foram chamadas pela vizinhança.
“Ela trabalha durante a noite, é cuidadora de idosos. Quando os policiais militares chegaram no local, eles não arrombaram a porta. Ela tentou abrir a porta do apartamento, entretanto o suspeito havia passado uma trava pela parte interna”. “Os policiais militares pediram uma autorização da proprietária para arrombar. Ela deu a autorização e estava acompanhando os policiais militares, que entraram e presenciaram a cena horrível”, descreveu a delegada.
O caso é tratado pela polícia como duplo homicídio qualificado, já que o assassinato de Mariana é investigado como feminicídio. Em depoimento à polícia, David também relatou que se sentia inferiorizado pela relação entre a vítima e a mãe. “Ele alega que era humilhado no relacionamento, ele tinha muito ciúme da relação entre mãe e filha, que a mãe era muito dedicada à filha, que era filha única. Ele se sentia muito humilhado de morar na casa deles. A intenção era de que ele já saísse [da casa], mas ele relutava em sair desse ambiente, desse relacionamento”. “Ele tinha um certo ciúme das regalias, da atenção que a mãe sempre tinha com a filha”.
Vítimas tentaram se defender
Antes de matar as duas vítimas, David havia tido uma discussão com Mariana, que estava em casa com o namorado, André. À polícia, ele disse que o casal teria zombado dele e que a discussão se acalorou. A delegada afirma que o investigado arrombou a porta do quarto de Mariana.
“Ele alega que ouviu risos, que o casal teria feito chacotas dele, que ouviu: ‘ele está doido, inventando coisas’, e aí ele teria entrado no quarto para tirar satisfações. Ele arrombou a porta do quarto onde o casal estava. Ele nega que, nesse primeiro momento já tenha entrado com a faca, mas há a possibilidade de ele já ter arrombado com a faca na mão, e iniciou a briga”.
“Todo o imóvel está revirado, está tudo quebrado dentro do imóvel. Eles [vítimas] se defenderam dentro do possível, mas ele [investigado] é uma pessoa alta e corpulenta”. A perícia identificou que Mariana foi atacada primeiro e, segundo a delegada, provavelmente morreu antes de André.
“Depois continuou a luta corporal com o rapaz. Todo o apartamento está quebrado, objeto, móveis, pela defesa. O rapaz tentou se defender do agressor, mas ele pegou um facão também e continuou as agressões com um facão, até que o rapaz não teve mais condições de se defender”, disse Pilly Dantas.
O investigado estava com a mãe de Mariana há três anos. Apesar de ser vigilante de profissão, ele estava desempregado e morava na casa da família. De acordo com a delegada, David não tinha histórico de agressões, nem de doenças psiquiátricas, que poderiam ter causado um surto.
“Não há nenhum histórico [de agressões], nenhuma ocorrência. Nós vamos ouvir as declarações desta senhora, para que ela nos dê detalhes deste relacionamento, mas não tem nenhum registro de ocorrência. Ele não tem nenhum histórico de doença psiquiátrica, nunca tomou remédio controlado e não tem nenhum diagnóstico, até hoje, de nenhuma doença”.
Também conforme a delegada, David passará por exames de lesões corporais no Departamento de Polícia Técnica (DPT), e ficará preso até passar por audiência de custódia, onde a Justiça vai decidir se ele responderá detido ou em liberdade.
Investigado fingiu estar ferido
Segundo a Polícia Militar, o suspeito do crime chegou a fingir que também teria se ferido e que estava inconsciente. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) esteve no local para fazer o atendimento. O tenente da 58ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), que agiu na situação e preferiu não se identificar, disse que foi a partir daí que os paramédicos identificaram que o suspeito do crime fingia estar inconsciente.
“Ajudamos a equipe do Samu a fazer a constatação do que estava havendo ali, porque tinham pessoas feridas. Nessa situação, constatou-se dois óbitos e uma terceira pessoa, que também estava ao solo. Ela não estava em óbito e estava simulando uma inconsciência. Foi a partir deste momento que fizemos a leitura de que seria o suposto autor do duplo homicídio”.
O homem foi levado para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde o caso foi registrado. O Departamento de Polícia Técnica (DPT) também acionado para o local, para iniciar a perícia e remover os corpos. Mariana Angélica é enfermeira e trabalhava no Instituto de Perinatologia da Bahia (Iperba). Ainda não há informações sobre o sepultamento dos corpos das vítimas. As informações são do g1/BA.