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#Vídeo: Polícia investiga caso de paciente gestante que proferiu ofensas homofóbicas a médico em hospital da Bahia

Caso ocorreu no Hospital da Mulher, em Feira de Santana | FOTO: Montagem do JC |

Uma gestante, internada no Hospital Inácia Pinto dos Santos, conhecido como Hospital da Mulher, em Feira de Santana, a cerca de 100 km de Salvador, é investigada pela polícia por suspeita de cometer o crime de homofobia contra um médico ginecologista e obstetra que a atendeu.

O caso aconteceu no último domingo (4) e foi registrado em delegacia na segunda-feira (5).Sete pessoas, entre médicos, a investigada e testemunhas prestarão depoimento em delegacia na próxima semana.

São investigados os crimes de homofobia e desacato a funcionário público no exercício da função. Enquadrada como racismo, a prática da homofobia tem pena de um a três anos de prisão, além de multa. Já o desacato tem pena de seis meses a dois anos de detenção e também é passível de multa.

Um registro da discriminação também foi feito na ouvidoria do hospital. Outro médico, colega do primeiro profissional, assumiu o atendimento à grávida e usou uma peruca e batom para conversar com a mulher sobre a ofensa homofóbica.

“O médico veado foi na delegacia prestar queixa e outro veado chegou para atender agora”, disse, em tom irônico, o médico Carlos Vinícius ao saber que o colega, o ginecologista Phelipe Balbi Martins, foi vítima de homofobia.

Caso
No domingo, a gestante chegou ao hospital para iniciar o internamento do parto do bebê. Ela foi atendida pelo médico Phelipe Balbi Martins, que fez os exames laboratoriais e solicitou uma cardiotopografia, que monitora os batimentos cardíacos do bebê, movimentos e oxigenação.

Ao sair da sala do obstetra para aguardar a realização do exame, a paciente proferiu o insulto homofóbico contra o médico, que é gay e ouviu a ofensa.

“Ela saiu, se dirigiu ao corredor e sentou em uma das cadeiras na porta do consultório. A partir do momento em que ela sentou, ela disse para outras pacientes que estavam no corredor: ‘eu odeio ser atendida por homossexual’. A outra pessoa que estava do lado dela, não sei se paciente ou acompanhante, ainda falou: ‘dá para ele ouvir de lá’. E ela: ‘não dá, não’”, descreveu Phelipe.

“A partir deste momento, ouvindo o que ela falou, eu levantei de onde eu estava, abri a porta e falei para ela: ‘homofobia é crime, preconceito é crime, e o desacato ao funcionário público no exercício da profissão também é crime’”.

Repercussão nas redes sociais
Além do próprio Phelipe, outro responsável por denunciar o caso nas redes sociais foi o médico obstetra, o Carlos Lino. Depois de ter saído da sala abalado, Phelipe encontrou Carlos, que entendeu a situação e assumiu o atendimento à paciente.

Carlos, que também é gay, decidiu fazer o atendimento usando uma peruca e batom, como forma de protesto. Segundo ele, houve uma conversa com a gestante, que reconheceu a homofobia.

“Ela entrou no consultório normal, não estava estarrecida com nada. Na verdade, nós já tínhamos conversado antes no corredor, então foi uma consulta tranquila. Ela reconheceu, chegou a chorar em algum momento. Eu falei com ela que seria de bom tom pedir desculpas ao colega, e ela se mostrou apta a isso”, contou Carlos.

Confira o vídeo:

O que disse o hospital e o governo do estado?
A Fundação Hospitalar de Feira de Santana, responsável pelo corpo clínico do hospital, repudiou a agressão e está apoiando o profissional.

“A gente esclareceu que ele deveria prestar a queixa na delegacia e também na ouvidoria da fundação hospitalar em que ela está internada. A gente respeita também essa questão técnica do internamento da paciente e também da proteção de dados”, disse a presidente da entidade, Gilberte Lucas.

O secretário de Justiça e Direitos Humanos da Bahia, Felipe Freitas, publicou em seu perfil em uma redes sociais uma nota de repúdio ao ato de homofobia contra o profissional.

“Estamos atentos e reafirmamos nossa disposição para combater todo e qualquer tipo de violação de direitos no estado. Estamos em diálogo com a vítima, estou em diálogo com o secretário de Segurança Pública, Marcelo Werner, e com a secretária de Promoção da Igualdade Racial, Ângela Guimarães. Estamos todos empenhados para dar o encaminhamento necessário para as duas ocorrências”, informou o secretário. As informações são do G1.

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