O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump virou réu em uma audiência na Justiça federal na cidade de Miami, no estado da Flórida, depois de ouvir formalmente as acusações de crime contra ele, nesta terça-feira (13). Perante o juiz, ele declarou ser inocente de todas as acusações listadas. De acordo com relatos na imprensa dos EUA, Trump manteve os braços cruzados durante a audiência, que durou cerca de 15 minutos.
Antes da chegada de Trump à sala de audiência, canais de TV dos EUA mostraram um comboio de carros atravessando as ruas de Miami. Avenidas largas foram bloqueada para o trânsito comum. Os veículos da comitiva foram direto para a garagem. Trump e o ex-assessor Walt Nauta foram registrados no sistema da Justiça federal. Nos EUA, geralmente os acusados são fotografados, e esse tipo de imagem é conhecida no país como mugshot. Isso não aconteceu com Trump.
O ex-presidente esteve acompanhado do advogado Todd Blanche. A audiência começou às 15h de Washington DC (16h de Brasília). Não houve câmeras nem transmissões ao vivo. Os jornalistas que foram autorizados a entrar no recinto tiveram que deixar os telefones do lado de fora.
Havia uma expectativa de tumulto, e a segurança na região foi reforçada, mas, no fim, a multidão perto do prédio da corte foi pequena. Ele escutou as 37 acusações criminais do caso da descoberta de documentos secretos na sua casa em Mar-a-Lago, em agosto de 2022. Entre as acusações, há as seguintes:
1. Violações da lei de espionagem (no total, são 31), por manter documentos que têm informações a respeito da defesa do país, como dados sobre o arsenal nuclear dos EUA e fraquezas do país em caso de um ataque militar.
2. Três acusações por manter ou ocultar documentos de uma investigação federal.
3. Duas por declarações falsas.
4. Uma por conspiração para obstruir a Justiça.
O Departamento de Justiça afirma que Trump reteve intencionalmente centenas de documentos confidenciais que ele levou da Casa Branca para a casa dele em Mar-a-Lago, na Flórida, depois de deixar a presidência. Isso teria colocado em risco a segurança do país.
Os promotores afirmaram ao juiz que eles não consideram que Trump pode fugir, portanto o ex-presidente vai responder esse processo em liberdade. Ele vai deixar o prédio da Justiça livremente, mas não pode conversar com testemunhas do caso.
Nos EUA, uma lei obriga os presidentes a enviarem todos os e-mails, cartas e outros documentos de trabalho para o Arquivo Nacional. Outra lei proíbe a manutenção de segredos de Estado em locais não autorizados e considerados inseguros.
Pela primeira vez na história dos EUA um ex-presidente virou réu na Justiça Federal. Em novembro de 2022, Merrick Garland, um procurador especial com experiência em casos contra políticos foi nomeado para conduzir o caso. Ele fez todas as investigações de forma independente no departamento de Justiça.
Com uma vida repleta de investigações desde que deixou a presidência do país norte-americano, em janeiro de 2021, essa tem tudo para ser uma das mais perigosas para o futuro político do empresário. Especialistas afirmam se tratar de um número alto de evidências que são acentuadas pela gravidade das alegações.
O Departamento de Justiça divulgou fotos que mostram caixas de documentos armazenadas em um palco de um salão de festas, em um banheiro e espalhadas pelo chão de um depósito. Se, nos próximos estágios do julgamento, Trump for considerado culpado, ele pode ser preso. Com penas que variam de 10 a 20 anos para cada acusação.
Trump afirma que é inocente e vítima de uma perseguição política. “Eles estão usando isso porque não podem ganhar a eleição de forma justa e honesta”, disse Trump na segunda-feira em entrevista ao Americano Media, uma empresa de mídia localizada em Miami. Redação do g1/BA