Você conhece alguém no Tinder e marca um encontro. Ao chegar no local, depara-se com homens armados. Você é sequestrado, e tudo não passou de uma armação. O date vira um pesadelo. Você fica horas, talvez dias, nas mãos dos sequestradores e tem suas contas esvaziadas. Essa ação criminosa, também chamada de “golpe do Tinder”, tem feio cada vez mais vítimas em São Paulo. Foi o que aconteceu com dois amigos no último domingo (11).
Dois homens de 25 e 27 foram sequestrados na região de Perus, zona norte de São Paulo. Um deles havia marcado um encontro através do aplicativo e pediu ao amigo que desse carona. Ao chegar no local da casa da mulher que teria conhecido pela rede social há cerca de um mês, os dois amigos foram surpreendidos com quatro homens armados. O objetivo do grupo era fazer transferências de dinheiro por meio de aplicativos bancários.
Os dois amigos foram levados a uma região de mato do bairro Anhanguera. Policiais que faziam patrulha no local estranharam a movimentação e prenderam os suspeitos.
Essa ação criminosa é mais comum do que parece. Veja os números.
O “golpe do Tinder”
Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), esse tipo de golpe já corresponde a 9 em cada 10 sequestros registrados em São Paulo. Apenas em 2022, foram 94 ocorrências desse tipo, que resultaram na prisão de 251 suspeitos e nove adolescentes apreendidos.
Por meio de nota, a SSP explicou que os criminosos costumam observar as redes sociais das vítimas antes dos crimes. “Observam usuários que ostentam poder econômico nas redes sociais e marcam um encontro na casa da ‘isca’, abordando as vítimas geralmente em ruas desertas”, informou a pasta.
Guilherme Alves, especialista em segurança digital, disse à BBC que é comum que os sequestradores e estelionatários usem fotos de pessoas reais para convencer as vítimas. Nesse caso, o golpe é classificado como catfishing, situação na qual a pessoa cria uma identidade falsa na internet para enganar a vítima.
Contudo, casos que acontecem depois do primeiro encontro, envolvendo pessoas reais, também podem existir. Guilherme Alves conta que já lidou com situações de crimes que aconteceram na terceira vez que a vítima e o suspeito se encontraram.
O especialista também deu dicas para identificar os sinais que podem indicar uma ação criminosa: “excluir o perfil da plataforma após o primeiro encontro pode sinalizar que a pessoa queira esconder informações. Outro ponto são pessoas que querem marcar encontros muito rápido e saírem da plataforma para conversar no WhatsApp. Encontros em locais privados também devem ser evitados”. Com informações da Folha de São Paulo e BBC.