A CPMI dos Atos Golpistas tenta ouvir nesta terça-feira (11) o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid – que guarda silêncio -, sobre sua participação na organização dos atos golpistas de 8 de janeiro. Mas os atos não começaram ali, como apontou o senador Rogério Carvalho (PT-SE) durante sua intervenção. Ao contrário, foram gestados ao longo dos anos em que Bolsonaro esteve em campanha e, posteriormente, na presidência. Levando esse contexto em consideração, o petista foi para cima de Cid e, ao final de sua fala fez a pergunta que o Brasil inteiro – ou grande parte dele – queria ter feito: se Cid e o entorno do ex-presidente sabem quem matou Marielle Franco em 2018.
No começo de sua fala, Carvalho lembrou os quatro inquéritos pelos quais Mauro Cid respondeu e criticou seu comparecimento à CPMI, na condição de investigado, trajando a farda militar. “Estamos diante de um tenente-coronel que responde a quatro inquéritos por fraude em cartões de vacinação, por agir para liberar joias – que seriam presentes para a República – para o acervo do Bolsonaro, por participar de milícias digitais e organizar os atos de 8 de janeiro. Esse integrante das Forças Armadas, que é o tenente-coronel Mauro Cid, não devia, em respeito a essa instituição que é o Exército Brasileiro, aqui usar esse uniforme na condição que vossa excelência está de suspeito. Isso mostra ao Brasil um envolvimento institucional que não corresponde à realidade”, disparou.
Em seguida, Carvalho fez mais uma fala importantíssima, relembrando o papel de Cid nos crimes de epidemia praticados por Bolsonaro durante seu mandato e que são, na prática, os mais graves atribuídos ao governo de extrema-direita. Segundo apurações da CPI da Covid-19, que cruzou dados com pesquisas científicas, a péssima e propositada gestão pandemia foi responsável por pelo menos 400 mil mortes de brasileiros.
“Também vimos que vossa excelência esteve em contato com o ex-major do Exército, que hoje é advogado, Ailton Barros, quando vossa excelência tentou forjar um cartão de vacina para a sua esposa, Gabriela Cid, um ano depois de conseguir forjar o cartão de vacina do presidente Bolsonaro. Sua relação com Bolsonaro era muito próxima, portanto ao longo dos quatro anos de governo não participou apenas dos eventos que levaram ao 8 de janeiro. Participou de lives e da falsificação dos cartões de vacinação, por exemplo, que confirmam a prática de crime de epidemia com causa mortis apontado pela CPI da Covid-19, que deixou mais de 400 mil brasileiros mortos. Sabemos que o ‘efeito Bolsonaro’ naquela pandemia foi o causador de centenas de milhares de mortes por mau orientação e aqui há prova a cabal,” analisou.
Por fim, e partir da fala anterior, Carvalho resgatou as ligações entre Cid e o ex-major Ailton Barros, com quem tratou sobre a falsificação de cartões de vacina. Nessas mesmas conversas, Barros afirmou que sabia quem é o assassino de Marielle Franco. Com esse contexto em mente, Carvalho então fez a pergunta que há cinco anos e meia intriga o Brasil.
“O advogado e ex-major do Exército, Ailton Barros, fala pra Cid sobre a morte de Marielle Franco. Diz que sabe quem matou Marielle Franco. E se ele sabe, o entorno de Bolsonaro deve saber (…) Vossa senhoria [Mauro Cid] era responsável por todas as operações e chefe do comando de ordens do presidente Bolsonaro, portanto, a relação é muito clara: tudo veio por ordem dele, conforme ele mesmo admitiu. Ficam a dúvida e o questionamento sobre o assassinato de Marielle, porque ele aparece num áudio entre o senhor e o Ailton Barros, a quem o senhor pede ajuda para fraudar cartões de vacina. O senhor sabia, ou sabe, ou melhor, o entorno do presidente Bolsonaro sabe quem matou Marielle? O Ailton Barros sabe quem matou Marielle? Ele falou para o senhor? Na condição de militar, o senhor acha normal ouvir isso de alguém sobre um crime que abalou o Brasil e não denunciar essa pessoa? O senhor sabe quem matou a Marielle?”, questionou. As informações são da Revista Fórum.