Em forte discurso contra a desigualdade na abertura da reunião da terceira reunião de Cúpula Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) – União Europeia (UE), nesta segunda-feira (17) em Bruxelas, na Bélgica, Lula voltou a criticar os organismos internacionais, em especial o Conselho de Segurança da ONU, que segundo o presidente brasileiro “não atende aos atuais desafios à Paz e à Segurança”.
“A guerra na Ucrânia é mais uma confirmação de que o Conselho de Segurança das Nações Unidas não atende aos atuais desafios à Paz e à Segurança. Seus próprios membros não respeitam a Carta da ONU. Em linha com a Carta das Nações Unidas, repudiamos veementemente o uso da força como meio de resolver disputas. O Brasil apoia as iniciativas promovidas por diferentes países e regiões em favor da cessação imediata de hostilidades e de uma paz negociada. Recorrer a sanções e bloqueios sem o amparo do direito internacional serve apenas para penalizar as populações mais vulneráveis”, afirmou, na contra mão dos países europeus que esperavam que o presidente brasileiro condenasse a ação da Rússia no conflito.
“Como se não bastasse, a guerra no coração da Europa veio para aumentar a fome e a desigualdade, ao mesmo que elevou os gastos militares globais. Apenas em 2022, em vez de matar a fome de milhões de seres humanos, o mundo gastou 2,24 trilhões de dólares para alimentar a máquina de guerra, que só causa mortes, destruição e ainda mais fome”, disparou Lula, fazendo a relação entre os dois principais temas de seu discurso.
Economia
O presidente brasileiro falou da longa história e dos laços econômicos e sociais que unem a América Latina e o Caribe à Europa, e enfatizou que “a cooperação entre as duas regiões deve refletir as realidades e prioridades de ambos os lados do Atlântico”.
“Queremos assegurar uma relação comercial justa, sustentável e inclusiva. A conclusão do Acordo MERCOSUL-União Europeia é uma prioridade e deve estar baseada na confiança mútua e não em ameaças”, voltou a alfinetar Lula, sobre cláusulas do acordo propostas pelos europeus que, entre outras, proíbem que os governos do Mercosul privilegiem empresas locais em suas licitações.
“A defesa de valores ambientais, que todos compartilhamos, não pode ser desculpa para o protecionismo. O poder de compra do Estado é uma ferramenta essencial para os investimentos em saúde, educação e inovação. Sua manutenção é condição para industrialização verde que queremos implementar”, emendou.
Democracia
Lula ainda falou das ameaças à democracia pelo “extremismo político, pela manipulação da informação, pela violência que ataca e silencia minorias”.
“Não existe democracia sem respeito à diversidade. Sem que estejam contemplados os direitos de mulheres, negros, indígenas, LGBTQI+, pobres e migrantes. Políticas ativas de inclusão social, digital e educacional são fundamentais para a promoção dos valores democráticos e da defesa do Estado de Direito”, discursou.
O presidente brasileiro também lembrou dos benefícios da “revolução digital”, mas alertou sobre a “precarização do trabalho” – “Aplicativos e plataformas não podem simplesmente abolir as leis trabalhistas pelas quais tanto lutamos” – e dos perigos da falta de regulamentação das redes, que propagam discurso de ódio.
“É urgente regulamentarmos o uso das plataformas para combater ilícitos cibernéticos e a desinformação. O que é crime na vida real, deve ser crime no mundo digital”. As informações são da Revista Fórum.