Depois de descobrirem uma caverna feita por preguiças gigantes há cerca de 10 mil anos em Ponta do Abunã (RO), os pesquisadores do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) querem fazer escavações de pequeno porte para encontrar fósseis dos animais que habitaram o local. A caverna, com aproximadamente 100 metros de extensão e três metros de altura, foi descoberta no mês de julho durante uma expedição.
Por ser um local onde abrigou animais extintos, a caverna de Rondônia passou a ser classificada como paleotoca. Segundo o pesquisador do CPRM que comandou a expedição, Almicar Adamy, a descoberta foi uma surpresa para todos da equipe. “Em 2010 tínhamos visto a caverna, mas na época não pensávamos que pudesse ser uma paleotoca, mesmo estranhando as dimensões, pois todas do estado possuem formas distintas”, explica.
Conforme Adamy, naquele ano os pesquisadores não tiveram tempo de fazer um estudo minucioso no local. “Quando retornamos agora pudemos comprovar ser uma paleotoca. Essa descoberta representa um avanço no estudo que a gente fez, nos quais a gente só tinha vestígios fósseis no Rio Madeira, onde a gente já sabia que existia preguiça”, apontou.
Os estudiosos acreditam que as preguiças que viveram em Rondônia podem ter pesado até uma tonelada. “Segundo estudos, tinha preguiça que chegava a ter seis metros de altura, mas não sabemos precisar ainda qual o tamanho das que habitaram a região, já que também existem várias espécies”, conta o pesquisador do CPRM.
A paleotoca descoberta no estado possui cerca de 100 metros de extensão, três metros de altura e dois de largura. Adamy acredita que na caverna moravam mais de uma preguiça gigante e, por isto, os trabalhos vão continuar.
Extinção
Os pesquisadores não sabem ainda como as preguiças gigantes entraram em extinção, mas existe a possibilidade do sumiço ter acontecido por conta do clima. “Há cerca de 10 mil anos houve uma mudança no clima. Como na época devia ser mais frio, elas viviam dentro desses abrigos na caverna. A suposição é de que o ambiente e o clima em que habitavam fossem diferentes de agora. O clima daquela época era mais seco e frio”, ressalta.
A paleotoca é a primeira confirmada na região norte do Brasil, mas Almicar Adamy não descarta a possibilidade de outras cavernas em Rondônia.Além do CPRM, as pesquisas contaram com o apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS) e Univeridade Estadual Paulista (Unesp).
Segundo Edgar Iza, chefe da unidade do CPRM, a descoberta da paleotoca faz parte do projeto de geodiversidade que está sendo feito no estado. “A CPRM tem desenvolvido nos últimos anos trabalhos de hidrologia e mapeoamento geológico dentro da geodiversidade”, conta. Jornal da Chapada com informações do site Crea-RO