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#Polêmica: Três governadores da Paraíba e quatro viúvas com patrimônio milionário pedem a volta da pensão de até R$ 31 mil

O ex-governador Ricardo Coutinho (PT) foi um dos políticos que ajuizou a reclamação | FOTO: Divulgação |

Três ex-governadores da Paraíba e quatro viúvas de ex-governadores do Estado entraram com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para voltarem a receber uma pensão de até R$ 31,1 mil. O benefício foi suspenso em maio de 2020, após decisão da própria Corte entender que o pagamento era inconstitucional.

Os ex-governadores e as viúvas alegam que se encontram em “estado de vulnerabilidade social”, uma vez que são idosos, e asseguram que dependiam diretamente da pensão para a sobrevivência. No entanto, os três ex-governadores têm patrimônios declarados que variam de R$ 1,709 milhão a R$ 3,278 milhões, além de ainda atuarem na política, o que lhe garantem outras fontes de renda. Já a lista de viúvas inclui uma desembargadora do Tribunal de Justiça da Paraíba que recebe, em média, R$ 62,5 mil por mês.

A reclamação foi ajuizada na última quinta-feira, 17, pelos ex-governadores Ricardo Coutinho (PT), Roberto Paulino (MDB) e Cícero Lucena (PP). As viúvas são Glauce Maria Navarro Buriti (que foi casada com o ex-governador Tarcísio Buriti), Myriam De Mello E Silva Cabral (Milton Cabral) e Mirtes De Almeida Bichara Sobreira (Ivan Bichara), além da desembargadora Fátima Bezerra Maranhão (José Maranhão).

Em maio de 2020, quando a pensão foi paga pela última vez, 14 ex-governadores e viúvas de ex-governadores da Paraíba receberam um total de R$ 216,9 mil, segundo dados do Tribunal de Contas Estadual (TCE-PB). Isso equivalia a um gasto anual de R$ 2,8 milhões aos cofres públicos.

Caso o Estado volte a pagar a pensão, o gasto tende a ser maior ainda, uma vez que o salário do governador da Paraíba foi reajustado, em janeiro deste ano, de R$ 23.500,82 para R$ 31.173,06, um aumento de 32%.

Os ex-governadores e as viúvas pedem ainda ao STF o pagamento retroativo das pensões. A ação foi sorteada ao ministro Luiz Fux, apesar de os peticionantes pedirem que fosse distribuída para o ministro Gilmar Mendes, que já decidiu a favor das pensões de ex-governadores do Paraná e do Mato Grosso.

Padrão de vida mínimo
Na petição inicial, os reclamantes afirmam que a decisão do STF que cessou o pagamento da pensão em 2020 não considerou que eles se encontram em fragilidade social por serem idosos. A idade do grupo varia de 62 a 101 anos. O grupo ressalta ainda que os valores das pensões eram de natureza alimentícia.

“Após tantos anos recebendo o benefício, que era até então assegurado em lei e, portanto, de boa-fé, os reclamantes construíram padrão de vida mínimos de dignidade, realizaram planejamentos pessoais, familiares e financeiros que dependiam diretamente da pensão para sua sobrevivência”, escrevem. O valor do benefício é 23 vezes maior que o salário mínimo, hoje em R$ 1.320.

Explicam ainda que a pensão era paga com o objetivo de amparar os ex-governadores e suas viúvas após “anos servindo à administração pública e dedicando-se à vida política”. “As viúvas dos ex-governadores, hoje com idades iguais ou superiores a 60 anos, se dedicavam bastante ou quase que exclusivamente ao digno e nobre papel de primeira-dama, tendo, muitas vezes, de deixar suas carreiras profissionais suspensas, em nome da dedicação ao serviço público”, explicam.

Patrimônios e salários
Governador da Paraíba por nove meses, de abril de 2002 a janeiro de 2003, Roberto Paulino tem um patrimônio declarado de R$ 1,7 milhão. Em 2020, disputou a Prefeitura de Guarabira, mas não teve sucesso. Foi então nomeado em 2021 Secretário-Chefe do Governo da Paraíba e hoje tem um salário de R$ 23.379,34.

Com patrimônio de R$ 1,8 milhão, Lucena é atualmente prefeito de João Pessoa, com salário de R$ 28.051,52. Por sua vez, Ricardo Coutinho ganha R$ 8.438,09 como farmacêutico aposentado da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Ele afirmou ter R$ 3,2 milhões em bens nas eleições municipais de 2020.

No lado das viúvas, a desembargadora Fátima Bezerra Maranhão tem uma média salarial de R$ 62,5 mil, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) compilados pelo Estadão. Ela foi casada com o ex-governador José Maranhão, morto em fevereiro de 2021.

Atualmente a viúva é presidente da 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB) e do Tribunal Regional Eleitoral do estado (TRE-PB). Só em junho deste ano, ela recebeu R$ 80,2 mil do TJPB, além de R$ 9 mil do TRE-PB. Isso lhe rendeu R$ 60,4 líquidos.

Já Myriam de Mello e Silva Cabral recebe uma pensão de R$ 17,2 mil do Senado, uma vez que seu marido, Milton Bezerra Cabral, também foi senador da Paraíba. Ele morreu em outubro do ano passado. Jornal da Chapada com informações do Política Livre e da Folhapress.

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