A cidade de Mucugê foi o palco da sexta edição da feira literária. Este ano o homenageado foi o poeta baiano José Carlos Capinan, o guerreiro da lírica e da poesia. Artistas, escritores e outros poetas fizeram odes, concertos e shows em celebração à obra de Capinan. No Centro Cultural aconteceu uma ode ao poeta por Aleilton Fonseca, além de um concerto lítero musical com a cantora Letícia Bertelli, o músico Joab Petrônio, o maestro João Omar, o cantor Elton Becker e a violonista Gabriela Mello.
A lírica e as canções de Capinan foram também o mote do show da cantora e compositora Larissa Caldeira, que acompanhada por Alex Baducha e David Prates, trouxe ao palco do Centro Cultural poesias e canções do poeta, ovacionando sua poética e atravessando os ritmos baianos como samba de roda e chula.
O cantor e compositor Gereba apresentou no palco principal da Fligê, um show em que passeia pela música nordestina e pela lírica de Capinan. Parceiro musical do poeta baiano, Gereba com seu violão elaborado trouxe as canções que compôs com Capinan, além de músicas do nosso cancioneiro popular, como Asa Branca e Carinhoso.
A Feira Literária de Mucugê não ficou por aí. O momento mais ímpar foi a presença do renomado escritor Itamar Vieira Junior, que lançou na Fligê, o livro Salvar o Fogo. Na praça dos Garimpeiros, no palco principal participou da mesa literária, Cosmovisões rítmicas da terra, juntamente com Célia Tupinambá e mediação de Jamile Borges, para uma praça lotada de admiradores de sua obra. Após a mesa, as pessoas fizeram fila para a sessão de autógrafos.
No domingo, Itamar Vieira Junior, participou da mesa “Arar letra, salvar terra e corpo”, propôs uma conversa entre o autor do renomado “Torto Arado”, Itamar Vieira Junior, e a atriz e diretora Gal Pereira. Com a mediação de Jamile Borges, o evento teve discussões sobre sonhos, crenças, identidade e as trajetórias dos dois artistas.
Nesse encontro, as palavras e as músicas se entrelaçam, criando uma atmosfera que alimentava a mente e o espírito de todos os presentes.
A conversa se desdobrou entre os territórios da ressignificação e a exploração das divisões entre pessimismo e esperança presentes nas obras “Torto Arado” e “Salvar o Fogo”. A história desses livros aponta para um caminho da esperança, mas não a normal, uma esperança engajada, como o próprio Itamar definiu.
O escritor também agraciou o público da Vila de Igatu com uma visita no final da tarde de domingo, 20, com a presença do Clube de Leitura Bibiana e Belonisia, fundado pela professora Cátia Regina Borges. Um grupo de mulheres, engajadas em em projetos de melhoria na educação pública, buscando a formação de leitores assíduos.
Após a Sessão de Abertura, com autoridades, a nossa primeira grande atração subiu ao palco principal. Conduzida pela jornalista e poeta Bianca Ramoneda, a Conversa Literária “Verbos, fólios e sons” com Arnaldo Antunes, que ocorreu no primeiro dia de atividades da Fligê (17), passou pelas diferentes épocas, expressões artísticas e preocupações que perpassam a sua obra.
Na sequência, Chico César abriu a programação de shows, com o show Vestido de Amor. Letrux, Lazzo Matumbi, Pedro Luís, Gereba, Ana Barroso e Grupo Pau de Arara abrilhantaram os palcos e fizeram a conexão entre Literatura e Música ainda mais evidente na Praça dos Garimpeiros.
Grupo Corrupio se apresenta na Fligêzinha
As crianças têm um espaço reservado na Fligê para se aproximarem do livro e da leitura. As atividades infantis começaram na manhã de sexta-feira (18/08), no Espaço Fligêzinha, destinado às crianças e onde aconteceram apresentações teatrais, músicas, danças, brincadeiras e muito mais.
A diretora da Biblioteca de Extensão (Bibex) da Fundação Pedro Calmon, Rosemaura Conceição, presente durante a Fligê, falou um pouco sobre medidas de acessibilidade à leitura. “O ônibus biblioteca é acessível para pessoas com deficiência física, dentro da unidade móvel existem várias coisas legais que as crianças curtem muito”.
Na tarde de sábado (19), o Grupo Corrupio, formado pelos músicos Mariana Caribé, Leonardo Cunha e Marcus Oliveira, assumiu o palco e fez os pequenos brincarem com muita música. Logo após a banda Currupio, o grupo Yalodê da companhia de Teatro Griô Contação de histórias afro-brasileiras, assumiu a direção do evento. Com muita representatividade afro, ancestralidade e cultura, os artistas encantaram a criançada.
Festas brincantes, músicas para dançar e a riqueza da tradição oral envolveram pais e filhos na Fligêzinha, animados pela banda Corrupio, que também se apresentou no dia 20 de agosto, um domingo ensolarado de Fligê.
O tema Literatura e Música demonstra o projeto da Fligê de conectar diferentes expressões artísticas. Além do Letra e Som, série de atividades que mesclam shows e declamações de poemas e leituras dramáticas, a Fligê propôs uma programação em que exposições de artes visuais, cinema e shows coexistiram em cinco dias de festa.
Na Fligê, o artista Purki se utilizou do fogo para forjar a expografia Acesa Retomada, entrelaçando os componentes Retomada, Repatriação, Terra e Feminino. Para Vinicius Gil, mais conhecido como Purki, essas são as palavras-chave que derivam de obras literárias do escritor Itamar Vieira Junior, sobretudo “Salvar o Fogo”, e da luta de lideranças indígenas, encarnada na figura de Glicéria (Célia) Tupinambá, pela repatriação dos mantos tupinambás. No momento, 11 dessas relíquias indígenas estão em países da Europa. Nenhum está no Brasil. Ao ingressar na expografia assinada por Purki, localizada no Território Literário da Fligê, somos recebidos por uma fogueira, que emana calor e impulsiona o público em movimentos concêntricos pelo jardim expográfico.
“Tramas revolucionárias: a arte (re) existe”, expografia do artista plástico Silvio Jessé, desenvolvida em parceria com os músicos Dirlei Bonfim e Luís Rogério, foi uma das atrações mais visitadas nesta sexta edição da Feira Literária de Mucugê – Fligê.
Esculturas, quadros, gravuras, música e vídeo, entrelaçados, conduziam o público à reflexão sobre as agruras vividas pelo Brasil durante o período pandêmico da covid-19, ressaltando a importância da cultura e da arte na resistência e sobrevivência a tempos sombrios como esses.
Além disso, a Fligê se consolida como importante vetor para o fomento à cadeia do livro. Lançamentos de livros, sessões de autógrafos, projetos pedagógicos e distribuição gratuita de livros aproximaram ainda mais os autores dos leitores durante a Feira Literária de Mucugê. As informações são de assessoria.