Durante sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas no Senado, nesta quinta-feira (24), o deputado bolsonarista Abílio Brunini (PL-MT) fez um gesto com a mão que é associado a movimentos supremacistas e neonazistas dos Estados Unidos e de outros países do mundo.
A cena foi registrada durante uma intervenção do deputado Duarte Jr (PSB-MA). Enquanto o parlamentar falava, Abílio Brunini pegou um celular, começou a gravar um vídeo, sorriu e fez com as mãos um gesto que parece remeter ao símbolo “WP”, em referência a lema “white power” (“supremacia branca”).
O sinal feito pelo bolsonarista, normalmente, tem como objetivo incitar grupos de supremacia branca, atitude conhecida como “dog whistle” (“apito de cachorro”, em português).
Olho no lance. Deputado Brunini faz gesto supremacista branco? Confira vc mesmo. pic.twitter.com/y2PUanI3cv
— GugaNoblat (@GugaNoblat) August 24, 2023
Deputado nega e se descontrola
Parlamentares da base governista, ao verem a cena, acusaram Abílio Brunini de ter feito gesto supremacista, ao que o bolsonarista pediu a palavra para negar. Ele se justificou dizendo que, na verdade, fez um sinal de “três” com as mãos, indicando que estava sugerindo que o presidente da CPMI concedesse “três minutos” de fala ao deputado Duarte Jr.
Brunini foi confrontado pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE) e, ao tentar se defender, se descontrolou e passou a berrar com os colegas de parlamento.
MAIS TRETA! Abílio Brunini e senador Rogério Carvalho batem boca na CPMI. O deputado bolsonarista negou que tenha feito gesto supremacista: "sinal de 3". pic.twitter.com/JuP3m0rMlq
— gente de mal (@gentedemal) August 24, 2023
Gesto supremacista no Senado: não é a primeira vez
Em março de 2021, durante audiência no Senado, o então assessor de assuntos internacionais do governo Bolsonaro, Filipe Martins, foi acusado de ter feito o mesmo gesto relacionado à supremacia branca.
Em maio daquele ano, a Polícia do Senado enviou ao Ministério Público Federal (MPF) relatório final das investigações apontando que o bolsonarista, fez, sim, o gesto do “white power”. Ele disse à época que estava apenas “ajeitando a lapela do paletó”.
Martins foi foi indiciado no artigo 20 da lei 7.716/1989, que prevê reclusão de uma a três anos e multa para o crime de “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. Há, ainda, o agravante do artigo que prevê agravamento da pena, que pode chegar a 5 anos de reclusão, caso os crimes sejam cometidos através de meios de comunicação social, como foi o caso do ex-assessor de Bolsonaro.
“Ele fez um sinal de supremacia branca enquanto arruma o terno. É muito difícil ele dizer que não sabe o que está fazendo. É um sinal de supremacia branca. É um sinal que é usado como senha em diversos grupos, como o Proud Boys”, disse à Fórum a antropóloga Adriana Dias, uma das maiores especialistas em neonazismo do mundo e que faleceu em janeiro de 2023. As informações são da Revista Fórum.