Nos últimos meses, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), tem dado declarações que mais parecem ter saído da boca de um líder de extrema-direita. O petista tem minimizado o problema da segurança pública e colocando a polícia baiana em um pedestal, mesmo a organização sendo a que mais mata no país.
Pensando de forma lógica, não faz sentido um governador que foi eleito pela mesma população que votou em Lula e que acredita na importância da manutenção dos direitos humanos, estar relativizando massacres realizados pela polícia militar contra jovens negros.
Recentemente, o programa Profissão Repórter, da TV Globo, pautou a crescente violência registrada na Bahia. A edição focou em entender o motivo que leva a polícia baiana a ser a que mais mata no Brasil. Nesse contexto, o mais plausível seria o governador do estado entender o recado, pedir desculpas e procurar uma solução. Porém, o gestor preferiu atacar a atração televisiva e dizer que a reportagem teria sido ‘encomendada’.
No dia 17 de agosto, a quilombola Bernadete Pacífico foi assassinada cruelmente por criminosos dentro do próprio terreiro. Quando resolveu se pronunciar sobre mais uma vítima da violência e do racismo no estado, o governador da Bahia, que já trabalhou na área da educação e tem história com movimentos sociais, disse que o assassinato da religiosa de 73 anos poderia ter ligação com a guerra entre facções. Até quando essa vai ser a justificativa do governador Jerônimo para a falta de segurança pública no estado?
De acordo com os dados de 2022 do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 1.463 pessoas foram mortas em ações policiais na Bahia. Entre os assassinados, existem inocentes e criminosos, mas esse não é o maior dos problemas. Não é plausível que o extermínio em massa seja considerado a melhor alternativa para o combate ao tráfico de drogas e outros crimes.
Ainda deve-se destacar o fato de ‘coincidentemente’, o povo negro ser o mais atingido em quase 100% das operações policiais. O caso é ainda mais alarmante quando se observa que o estado que tem a polícia mais intolerante, também tem a maior população preta do país.
É importante frisar que o intuito da matéria não é vilanizar os policiais. Os agentes têm um papel fundamental quando se fala em manutenção da segurança pública. Porém, da mesma forma que matam, eles são assassinados e sofrem as consequências de uma guerra desastrosa e longe do fim.
São muitas hipóteses, dúvidas e opiniões, mas a realidade é que o partido que está há mais de 16 anos governando a Bahia, ainda não conseguiu traçar um caminho inovador e eficaz contra a insegurança vivida cotidianamente pelos baianos.
Alta cúpula do PT precisa intervir
O governador Jerônimo Rodrigues tem atuado de maneira inconsistente e vexatória em questões elementares para a base do PT nacional. A alta cúpula do partido deveria se reunir, com urgência, para que sejam elaboradas novas estratégias na área da segurança pública. Caso contrário, a tendência é de que, cada vez mais, o governador da Bahia se aproxime do autoritarismo bolsonarista.
Para o jornalista Rovai, da Revista Fórum, o presidente da República e políticos da esfera nacional precisam agir rapidamente. “O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, tem que denunciar o que está acontecendo na Bahia. Tem que ser ativo. O Lula tem que dizer que tem vergonha desses dados”, argumenta o comunicador. Jornal da Chapada com informações da Revista Fórum.