A secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP), em uma coletiva de imprensa realizada em Salvador nesta segunda-feira (4), anunciou a prisão de três homens suspeitos de terem participado do assassinato da líder quilombola Bernadete Pacífico. A ialorixá, mais conhecida como ‘mãe Bernadete”, foi morta a tiros dentro da própria casa, na associação do Quilombo Pitanga dos Palmares no dia 17 de agosto.
A entrevista coletiva teve a presença do titular da SSP, Marcelo Werner, da Delegada-Geral da Polícia Civil, Heloísa Brito, e da Diretora-Geral do Departamento de Polícia Técnica (DPT), perita criminal Ana Cecília Bandeira. na ocasião, as autoridades detalharam todo o processo de investigação que foi realizado até que se chegasse aos suspeitos, incluindo a tática e inteligência das forças de segurança no desfecho do caso.
Em reunião, o secretário Marcelo Werner frisou que as investigações ainda estão em andamento. “As forças de segurança estão agindo com todo o rigor na apuração dos fatos. Não mediremos esforços para que a justiça seja feita neste caso tão triste”. Ainda conforme ele, o quarto suspeito identificado está sendo procurado e as equipes de investigação continuam em campo na missão de identificar outras pessoas diretamente envolvidas no caso. A suposta motivação da execução foi alegada por um dos suspeitos presos, mas essa esta informação continua sob investigação. “Temos que fazer o confronto com outras provas colhidas na investigação. Então, é precipitado a gente falar em motivação”, salienta.
Para não comprometer as investigações, que ainda estão em processo de desenvolvimento, as identidades dos suspeitos não foram reveladas na coletiva de imprensa. Heloísa Brito, delegada-geral da Polícia Civil, destaca que o sucesso do processo investigativo depende do trabalho em conjunto com outras instituições.
“Já realizamos sessenta e quatro oitivas, foram vinte e um aparelho telefônico foi apreendido, dezenove medidas cautelares foram solicitadas, nós conseguimos avançar bem numa articulação com todos os departamentos da Polícia Civil e principalmente uma parceria com o poder judiciário e com o Ministério Público através do Grupo Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (Gaeco)”, enfatiza a delegada.
Ainda de acordo com Heloisa Brito, um dos suspeitos pelo assassinato da líder quilombola confessou o crime. já o segundo homem preso, estava de posse de uma arma com as mesmas características da que foi usada na ação violenta em Simões Filho.
Bernadete Pacífico, que já havia perdido um filho também por assassinato em 2017, era uma das líderes quilombolas mais conhecidas e reverenciadas na Bahia. Por se tratar de um símbolo de luta em defesa da igualdade racial e contra a intolerância religiosa, seu falecimento, além de evidenciar a falta de segurança no estado, ainda reafirma a importância de políticas públicas voltadas para a proteção de terreiros e membros das religiões de matriz africana.
Jornal da Chapada