Nova pesquisa do Datafolha mostra que 42% dos eleitores não confiam no que diz o presidente Lula (PT), enquanto 23% sempre o fazem. Já 34% acreditam nele às vezes.
O dado foi aferido junto a 2.016 pessoas com mais de 16 anos na terça (12) e quarta (13) desta semana, em 139 cidades do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Lula tem se destacado, neste terceiro mandato, pela grande verborragia que já marcava suas passagens anteriores pelo Palácio do Planalto, de 2003 a 2010. Não necessariamente de forma positiva, como as críticas acerca de suas recentes declarações sobre política externa demonstram.
No fim de semana passado, Lula disse a um site indiano durante sua presença no encontro do G20 em Nova Déli que seu colega russo, Vladimir Putin, poderia comparecer à cúpula do grupo no ano que vem no Brasil sem temer ser preso.
Putin tem um mandado de prisão por supostos crimes de guerra, no caso a deportação de crianças ucranianas, cometidos durante a invasão de seu vizinho iniciada em 2022. A corte que emitiu a ordem, o TPI (Tribunal Penal Internacional), é reconhecida pelo Brasil e sua competência foi inserida na Constituição quando o Congresso ratificou a adesão do país.
Leite derramado, Lula buscou remediar, dizendo em entrevista subsequente que prender ou não Putin seria uma decisão da Justiça, não do Executivo. Mas aproveitou para questionar a legitimidade do TPI, cuja existência é celebrada por grupos de direitos humanos usualmente associados à base esquerdista do presidente.
Para Lula, logo repetido por seu fiel ministro Flávio Dino (Justiça) e pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT), a corte teria duas medidas, já que não era reconhecida pelos Estados Unidos. Mais, disse que nem sabia de sua existência, sendo que seu então governo trabalhou pela indicação de uma juíza brasileira, Sylvia Steiner, para integrar seu primeiro quadro.
O presidente também incorreu em desatinos científicos, ao associar o terremoto do Marrocos com a mudança climática.
Ao longo de seu mandato, Lula tem tropeçado em declarações que vão da Guerra da Ucrânia à obesidade de Dino, passando por falas antiamericanas e a sugestão de que o Supremo Tribunal Federal adote o voto secreto.
Com isso, o petista logra emular seu criticado antecessor, Jair Bolsonaro (PL), sempre pronto a dar uma declaração polêmica ou absurda —como a qualificação da Covid-19 como uma “gripezinha”, aí com efeitos diretos sobre a política pública na crise da pandemia.
A percepção popular prova isso: na mesma altura do mandato, o Datafolha questionou os entrevistados acerca da confiabilidade nas palavras do então presidente. O resultado é um patamar algo semelhante ao de Bolsonaro, considerando a margem de erro. Nunca confiavam no ex-mandatário 44%, sempre confiavam 19% e o faziam às vezes, 36%. As informações são da Folha Press.