Ícone do site Jornal da Chapada

#Chapada: Livro de jornalista e escritora baiana expõe passado escravista de sua família no município de Jussiape; confira aqui

Jornalista baiana escreve livro sobre Jussiape e passado escravista de sua família | FOTO: Montagem do JC |

A jornalista baiana Helena Vieira, autora do livro ‘Jussiape, a cidade onde nada acontecia’, revelou que decidiu expor seus antepassados após descobrir que é descendente de escravizadores. A revelação veio à tona enquanto a escritora pesquisava sobre o passado de sua família no Arquivo Público do Estado da Bahia.

Ao compreender que era descendente de escravizadores, Helena Vieira chegou a lamentar o fato de seu pai nunca ter lhe contado a verdade sobre esse episódio da trajetória da família. “Meu pai nunca havia comentado sobre isso [o uso de mão de obra de escravizados na família]. Tomei um choque”, revelou a jornalista.

Quando descobriu que, em 1877, o trisavô Sabino enviou uma escravizada da Bahia para São Paulo, onde seria adquirida por cafeicultores locais, Helena foi particularmente impactada pela inusitada e infeliz notícia. Nesse momento, ela se recordou da cena do filme em que uma mulher percorreu 1,3 mil quilômetros a pé, acorrentada.

“Tornar isso público foi, para mim, uma educação. Laurentino Gomes [autor do livro Escravidão] diz que era ‘normal’ a escravidão. Então, tive que pensar: será que eu naquela época não usaria mão de obra de escravizados? E não precisei ir longe: sempre fui servida por empregadas domésticas que ganhavam muito pouco. Então, não julguei meus antepassados como piores que outras pessoas. Mas foram cruéis e desumanos com essa moça”, reconhece Helena.

Com o propósito de aprofundar a investigação das informações contidas no arquivo do estado, a jornalista foi até o município de Jussiape, onde reside seu pai, Raimundo. Na cidade, ela dialogou com moradores que tinham conhecimento sobre seus parentes, buscando mais detalhes sobre a trajetória escravista de seus falecidos parentes.

Aqueles que imaginam que o livro se limita a um mero registro familiar devem entender que a obra vai além, narrando a história de 200 anos do Brasil por meio da pesquisa de seis gerações realizada pela autora. Além disso, o livro registra os movimentos migratórios, essenciais para a formação do país. Jornal da Chapada com informações do portal Correio..

Sair da versão mobile
Pular para a barra de ferramentas