O movimento cultural Boi Estrela de Igatu se prepara para comemorar 18 anos de resistência e engajamento comunitário com uma programação diversa, que terá como ápice o dia 21 de janeiro (domingo) com o tradicional cortejo do Boi. Além de celebrar o aniversário, o evento cultural é um manifesto de empoderamento artístico e de representatividade da comunidade local.
Pautando o tema “Boi Estrela de Igatu – 18 anos é Pedra de Responsa”, o projeto, apoiado pelo Programa Funarte de Apoio a Ações Continuadas 2023, contempla uma extensa programação. Além do mês de janeiro, novas datas serão anunciadas ao longo do ano, com detalhes a serem divulgados em breve.
A saída do Boi Estrela de Igatu, um marco de tradição e valorização da cultura local, é realizada com destaque para a arte e criatividade comunitária, sendo reverenciada por turistas e moradores da região, que se emocionam diante das belezas e encantos da festividade.
“É muito significativo ser selecionado com um projeto que prevê continuidade, poder com isso retomar o trabalho social além do artístico. Por isso escolhemos o nome 18 anos é Pedra de Responsa”, comentou o diretor artístico do Movimento Boi Estrela, Denny Neves.
De acordo com o diretor, essa é uma alegoria, pois, em relação à arquitetura, remete à pedra fundamental na qual se erguem edificações que são fundamentais para um lugar: “Por outro lado também é a pedra filosofal dos magos, mestres, religiões afro referenciadas e povos indígenas. Então a gente tem uma história de extração de diamantes na região e gente vem mostrando que as verdadeiras pedras preciosas são as pessoas e a cultura desse lugar”, salienta.
“Com esse projeto, queremos fortalecer esse movimento dos bois na região porque ele é multicultural, multirreferencial. Além disso, vamos reverenciar nossos ancestrais e reviver a memória dos Payayás e Tapuias, que são povos originários da Chapada Diamantina. Por isso teremos durante todos os ciclos de oficinas a presença de lideranças e artistas indígenas, Pajés e Majés que vão trazer seus saberes para fortalecer esse movimento cultural. Vumbora brincar de Boi!”, comemora Denny.
Programação
Com atividades completamente gratuitas, os interessados em participar das oficinas do evento precisam realizar a inscrição previa através do Instagram @boiestreladeigatu para aproveitar as vagas limitadas.
Nos dias 13 e 14 de janeiro, as atividades têm início com Oficinas de Produção de Fantasias e Confecção de Adereços. No dia 19 de janeiro, será realizado o ‘Bate Palmas’ em celebração ao aniversário do Boi. No dia seguinte, acontecerá a Procissão de São Sebastião e a benção dos estandartes. Já em 21 de janeiro, está programado o tão esperado Cortejo do Boi.
Nesta edição, o cortejo presta homenagem às matriarcas de Igatu, percorrendo becos e vielas até chegar no Teatro de Arena das Estrelas, marcando o início do Sarau Muagem do Boi Estrela de Igatu. A abertura será realizada pelo Grupo de Teatro Maria Godó e pela Banda Preta do Boi Estrela, que apresentarão fragmentos do seu repertório teatral.
No decorrer da extensa programação, os participantes da festividade terão a oportunidade de desfrutar de shows musicais, como ‘A Menina dos Olhos do Boi’, com Calu Manhães, e apresentação musical de Junior DuJarro e Forró Queimando em Brasa. Destaque também para a presença do Cacique Juvenal Payayá, reconhecido plantador de sementes e mudas nativas da Caatinga e Cerrado, escritor premiado, poeta, romancista e desenhista, figura proeminente no movimento Payayá na Chapada Diamantina, que já confirmou presença no evento.
O projeto ‘Boi Estrela de Igatu – 18 anos é Pedra de Responsa’ foi destacado como um dos 4 selecionados na Bahia, sendo o único na região da Chapada Diamantina a conquistar esse prestigioso edital. Essa seleção representa um marco significativo para a continuidade dos movimentos culturais, ressaltando a importância e o impacto do projeto na promoção e preservação da rica cultura da região.
A produtora cultural Janaína Nogueira, uma das responsáveis pelo projeto do Boi, destaca a importância desse empreendimento cultural, evidenciado por elementos das tradições regionais e apresentações que valorizam artistas locais de variados segmentos.
“Essa é uma grande oportunidade, que abraçamos com alegria e responsabilidade. Ao longo de todo o ano de 2024 traremos diversas oficinas de formação, incluindo temas como música, dança, tecnologia e cenotecnia, além de dois espetáculos, em Janeiro e em Novembro. Consideramos que a descentralização dos recursos da cultura é crucial para o fortalecimento de pequenas comunidades, a exemplo da Vila de Igatu, e esperamos que essa iniciativa seja um incentivo para outros movimentos culturais da região”, salienta.
Segundo a Funarte, o resultado deste Edital evidencia “trajetórias consistentes, reforçando a importância do fomento à pesquisa coletiva, plural e longeva, para os segmentos artísticos”.As informações são de assessoria.