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#Turismo: Exportação de café especial de Piatã e Mucugê fortalece economia e aquece setor turístico na Chapada Diamantina

Exportação de cafés especiais fortalece a economia na Chapada Diamantina | FOTO: Reprodução/ Instagram |

Cultivados em fazendas da Chapada Diamantina, os cafés especiais têm impulsionado a economia local e atraído a atenção global, com destaque para sua exportação para países como Noruega, Dinamarca, EUA, Austrália, Japão e Coreia do Sul. Municípios como Piatã e Mucugê se destacam, sendo reconhecidos em festivais e concursos nacionais e internacionais. Em 2023, 11 marcas da região figuraram entre os 30 melhores do Brasil, segundo pesquisa da BSCA.

A inabalável paixão dos brasileiros pelo “cafezinho” persiste, porém, uma tendência crescente de exigência tem levado muitos apreciadores a optarem pelos cafés originários da Chapada Diamantina. Estes ganham proeminência na prestigiada competição nacional Cup of Excellence, considerada o “Oscar” dos cafés especiais, organizada pela BSCA.

De acordo com Sílvio Leite, diretor-conselheiro da entidade, aproximadamente 20% da produção brasileira de café é composta por cafés especiais. Ele especula que na Bahia, devido aos cafés de alta qualidade cultivados na Chapada, esse percentual pode ser ainda maior. Leite destaca ainda que as exportações brasileiras de café geram anualmente cerca de U$ 6 bilhões.

Apesar de ocupar o quarto lugar nacional em termos de produção de café, a Bahia tem emergido como uma potência internacional devido à sua qualidade excepcional. Segundo a BSCA, a distinção dos cafés especiais reside nos cuidados específicos durante o cultivo e no processo de produção, onde cada etapa é minuciosamente executada para preservar ao máximo a qualidade intrínseca dos grãos. “Os melhores cafés têm grãos perfeitos, têm torra média-escura e são torrados com técnica especial”, salienta Sílvio Leite.

A jornada por todo esse processo pode ser desbravada através da Rota do Café, onde fazendas como a Riacho da Tapera, em Piatã, abrem suas portas para receber visitantes. Lá, os entusiastas têm a oportunidade de explorar os campos de café, testemunhar o delicado processo de torrefação – considerado o ápice do ciclo produtivo, crucial para garantir a qualidade e o sabor do produto final.

Piatã, com sua altitude excepcional de 1.260 metros acima do nível do mar, não apenas desfruta de um clima propício, mas também se destaca pelo profissionalismo demonstrado em todas as fases, desde o plantio até a torrefação. Isso se deve em grande parte ao compromisso dos pequenos produtores, que têm aprimorado suas técnicas com o apoio de instituições como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Produção de café especial é destaque na Chapada Diamantina | FOTO: Reprodução/ A Tarde |

O respaldo do Sebrae tem sido crucial para cafeicultores como Silvaldo Silva Luz, de Ibicoara. Em 2022, ele celebrou a conquista do segundo lugar na competição nacional de Melhor Café Torrado para Expresso com seu Café Canjerana. “A ajuda de consultorias oferecidas pelo Sebrae foi fundamental para a melhoria da torra e impactou efetivamente nos resultados positivos”, relatou.

Entre os cafés especiais mais renomados da Chapada Diamantina, destaca-se o Café Rigno, produzido na Fazenda Tijuco, em Piatã, que conquistou o título de “Melhor Café” no Cup of Excellence em quatro ocasiões: 2009, 2014, 2015 e 2022. Além disso, o Sítio Bonilha, no mesmo município, obteve o segundo lugar na última edição do concurso.

Outras fazendas e sítios igualmente impressionam na premiação, como as fazendas Gerais, Divino Espírito Santo, Capão, Cerca de Pedras São Benedito, Ouro Verde e Campo Alegre, juntamente com os sítios São Sebastião, Entre Vales e Córrego Seco, todos eles já reconhecidos por sua qualidade excepcional. “Nesses 23 anos do concurso, a Bahia detém 19% dos cafés vencedores, sendo que Piatã e Mucugê são os maiores produtores do Estado”, salienta Sílvio Leite, informando que o Brasil possui 300 mil fazendas produtoras de café, envolvendo em torno de 8,7 milhões pessoas no setor.

Diamante negro da Chapada Diamantina
Antonio Rigno, figura emblemática da Fazenda Tijuco, desvenda os segredos que o levaram de um pequeno produtor a um dos grandes nomes na produção de cafés especiais da Chapada Diamantina. “Costumo dizer que nasci debaixo do pé de café. Meu pai foi um produtor de café e foi dele que herdei o amor pelo grão e, desde então, sempre estive ligado ao mundo do ‘diamante negro’. Há 20 anos vi uma oportunidade de sair do commodities e adentrar no universo dos cafés especiais, me tornando pioneiro na área em Piatã. Começamos a ganhar prêmios e reconhecimento e sempre incentivei os demais produtores a investirem no café especial. Hoje, Piatã é reconhecida mundialmente como produtora de grãos especiais e sinto muito orgulho disso”.

Produzindo em média duas mil sacas anualmente de café 100% arábica, especificamente da variedade Catuaí, o proprietário da Fazenda Tijuco concentra seus esforços principalmente na exportação para destinos que incluem o Japão, Canadá, Austrália e Noruega. “Aqui, em Piatã, temos uma torrefação que distribui para alguns lugares do país e temos, também, outra torrefação em Piatã e Vitória da Conquista, onde temos também uma cafeteria. Todo esse processo está nas mãos de nossa família”, conta.

Maridalton Silva Santana, um produtor cuja família tem uma longa tradição no cultivo de café, segue os passos de seus antecessores no Sítio Bonilha, localizado em Piatã. Herdado de seus bisavós e posteriormente de seus pais, este sítio é o núcleo de suas atividades. Ele enfatiza as vantagens do clima excepcional de Piatã, sua cidade natal, para a produção de café especial.

“O meu interesse em seguir com o legado da família me levou a buscar conhecimento nessa cultura. Chegar até aqui foi muito difícil, tive muitos erros e acertos. Mas, graças a Deus, estou conseguindo bons resultados na minha trajetória”, ressalta o produtor Maridalton.

O cafeicultor não possui marca registrada para seu café, mas vende seus grãos crus para cafeterias no Brasil e no exterior. Ele administra o Sítio Bonilha, herdado de seus bisavós, com a ajuda de sua esposa e filhos. A produção anual é de cerca de 200 sacas de café. Jornal da Chapada com informações do portal A Tarde

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