A declaração do senador Angelo Coronel (PSD) de que a base do governador Jerônimo Rodrigues (PT) pode ter mais de dois candidatos ao Senado nas eleições de 2026, concedida em entrevista exclusiva ao Política Livre no início desta semana (clique aqui para ler), foi avaliada reservadamente por aliados importantes do chefe do Executivo estadual como mais uma tentativa do parlamentar de pressionar os caciques petistas visando assegurar o próprio nome na disputa à reeleição.
“Eu sou defensor daquela tese: por mim, poderia cada partido lançar o seu candidato a senador. Não tem nenhum problema nisso. Já tivemos eleições com três, quatro candidatos da base. Qual o problema? Não tem a obrigação de decidir quem será candidato quem está no comando”, disse Coronel na entrevista.
Em 2026, serão duas vagas em jogo ao Senado na chapa majoritária. O senador Jaques Wagner (PT) já disse que vai concorrer à reeleição, e é unanimidade entre os partidos da base de Jerônimo que isso está definido. A cadeira de Coronel é a que está em jogo, e nenhuma das principais lideranças ou dirigentes das siglas aliadas “coloca a mão” no fogo pela manutenção do parlamentar do PSD na chapa. Pelo contrário: alguns acreditam que Coronel é “carta fora do baralho”, sobretudo se o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), entrar desejar a cadeira.
“Hoje, talvez só no PSD se enxergue um cenário em que Coronel vai para a reeleição na chapa de Jerônimo. Claro, isso pode mudar, mas essa é a realidade hoje. Por isso, o senador, bem nesse estilo agressivo dele, tem feito movimentos, inclusive na Assembleia Legislativa, para pressionar o governador, o PT, querendo ir para a reeleição. Não acredito que ele tenha forças para ser candidato avulso”, declarou um influente dirigente partidário ligado ao governo.
Na Assembleia, o senador assumiu, na semana passada, a liderança de um novo bloco informal composto pelo deputado Angelo Coronel Filho (PSD) e outros nove parlamentares de partidos como o PP, o PL, o Solidariedade e o Podemos, que aderiram à base de Jerônimo após o primeiro turno das eleições de 2022, mas que almejam receber um atendimento melhor por parte do governo. Caso consiga conciliar interesses diversos e se manter líder do grupo, Coronel espera se fortalecer para 2026.
O Palácio de Ondina não gostou da manobra. A reação do governador foi tão forte que obrigou o próprio Coronel a recuar do discurso de que o grupo na Assembleia, batizado de G10, poderia virar G20 com o ingresso do PSD, onde também há sinais de insatisfações com o Executivo entre os deputados. “Sobrou até para a deputada Ivana Bastos (líder do PSD no Legislativo estadual), que tomou uma bronca do governador”, relatou outra fonte ligada ao Palácio de Ondina.
Coronel também pretende fazer uso do poderoso cargo de relator do Orçamento Geral da União (OGU) de 2025 para se fortalecer mirando em 2026. Com o discurso municipalista, ele terá papel estratégico na destinação dos recursos orçamentários, ampliando a rede de influência entre prefeitos e deputados.
Outro trunfo para Coronel é a força do PSD no interior. O partido tem hoje 125 prefeitos, e, a depender do resultado das eleições deste ano, pode sair das urnas com potencial para pressionar ainda mais Jerônimo na composição da chapa em 2026. Aliás, este é o jogo a ser jogado por outras siglas, a exemplo do PT de Rui Costa e do Avante do ex-deputado federal Ronaldo Carletto. As informações são do site Política Livre.