Diante dos graves acontecimentos envolvendo a destruição de um terreiro de Jarê na comunidade de Curupati, em Lençóis, no dia 21 de julho de 2024, o Ministério Público do Estado da Bahia informa que instaurou procedimento para cobrar do Poder Público a adoção de medidas eficazes voltadas ao reconhecimento formal da prática de Jarê enquanto patrimônio cultural e a implementação de um plano de salvaguarda no município. O procedimento foi instaurado pela Promotoria Regional Ambiental do Alto Paraguaçu, em colaboração com o Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente (Ceama) e do Núcleo de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (Nudephac).
O Jarê das Lavras Diamantinas é uma expressão religiosa que só existe na região da Chapada, na Bahia, caracterizado pela mistura entre o culto dos deuses yorubás ou orixás com entidades das comunidades tradicionais, os caboclos. Suas origens remontam ao século XIX, relacionadas ao desenvolvimento da mineração nessa região. Representa, portanto, uma expressão cultural e religiosa singular, com significativa relevância para memória coletiva da região e relevante expressão de resistência.
O MP lamenta o ocorrido no terreiro de Jarê e reitera o compromisso com a valorização e proteção do patrimônio cultural da Bahia, como também segue vigilante, junto com a sociedade, para salvaguarda dos bens imateriais do estado, de modo a evitar que danos e agressões possam se repetir.
As investigações policiais até o momento estão sendo realizadas pela Polícia Federal, por envolver órgão federal, estando fora da atribuição do MP estadual. As informações são de assessoria.