A 4ª Feira Literária de Andaraí (FLIAN), que ocorrerá de 24 a 26 de abril de 2025, trará como tema “Narrativas e Oralidades na Serra do Sincorá”. O evento convidará o público a mergulhar na história das comunidades afro-indígenas, cujas lutas, resistência e tradições ajudaram a moldar a identidade cultural da Chapada Diamantina.
O evento literário será realizado na cidade natal do jornalista e escritor Herberto Sales, destacando a linguagem e a memória da Serra do Sincorá em um recorte das lavras diamantinas. As narrativas desse território estão presentes nas obras de escritores genuinamente chapadeiros, como o próprio Herberto Sales, Afrânio Peixoto, Fernando Sales, Joaquim Coutinho, Ângela Vilma, Gislene Moreira, Mirandi Oliveira, Lísias Azevedo, Micaela Ramos, Delmar Araújo, Juvenal Payayá, José Leopoldo Albuquerque, Irapuã Casil, Fábio Diógenes, Roberto Gomes, entre outros.
A FLIAN contará com uma ampla programação voltada para a valorização da cultura, da literatura e da história local. Além dos estandes com mostras literárias, o evento oferecerá apresentações artísticas, debates e rodas de conversa que abordarão temas essenciais para a construção da identidade cultural do município.
Entre os destaques do evento, estarão discussões sobre a contribuição dos povos originários para a formação cultural de Andaraí, ressaltando sua influência nas tradições, na oralidade e no modo de vida da região. Haverá também um espaço dedicado à valorização dos escritores locais, proporcionando-lhes a oportunidade de compartilhar suas obras e trajetórias com o público.
A programação reforçará ainda a importância da leitura como ferramenta de transformação social e desenvolvimento do senso crítico. Serão promovidos encontros para debater o impacto da literatura na educação, na construção de narrativas sobre a Chapada Diamantina e no fortalecimento do pertencimento cultural.
Programação
A 4ª edição da FLIAN promete movimentar a cena cultural com uma programação diversificada e gratuita, reforçando seu lema contínuo: “A leitura faz andar o mundo”. O evento, que atrairá visitantes locais, regionais e turistas, contará com conferências, rodas de conversa, lançamentos de livros, oficinas, contação de histórias, homenagens e apresentações artísticas, incluindo espetáculos teatrais, saraus e atrações musicais. Entre os destaques, o Flianinha oferecerá atividades voltadas para o público infantil, estimulando a cidadania cultural e a valorização da diversidade desde a infância, com narrativas como “As Aventuras de Chicó”, da escritora chapadeira Mô Moreira.
Além da literatura, o audiovisual também terá espaço na FLIAN 2025 com a mostra Fliancine, que exibirá curtas-metragens focados na identidade e na cultura chapadeira. Em parceria com o Facine – Festival de Cinema Ambiental da Chapada Diamantina, a programação incluirá títulos como “Com quantas estrelas se cria um céu aberto: Terno de Reis de Tonho de Lau”, “Benção”, “Ibejis” e “Estamos Vivos e Atentos – Mutirão Payayá”, promovendo debates sobre memória e saberes locais. Outro destaque será a Feira Popular, que reunirá produtos da agricultura familiar, agroecologia e economia solidária, além de oficinas sobre saberes tradicionais, conectando cultura e empreendedorismo sustentável.
As atividades acontecerão em diversos espaços, como o CETI – Colégio Estadual de Tempo Integral Edgar Silva, o Novo Mercado Municipal, a Biblioteca Pública Municipal Herberto Sales, o Espaço Cultural ASR e a Galeria Arte & Memória, em Igatu. O evento conta com a curadoria de Cecília Mª Ribeiro da Silva e Kátia Borges, coordenação acadêmica de Maria Cristina Dantas Pina, coordenação artística de Pedro Sibas, produção executiva de Alan Lobo e coordenação administrativa de Keila Souza.
Para o coordenador geral da Feira, Emílio Tapioca, a FLIAN reforça a importância da leitura e da cultura como instrumentos de identidade e inclusão, promovendo o respeito à diversidade e fortalecendo as trocas de saberes. “As novas gerações precisam conhecer e reconhecer que somos um povo multiétnico e, como tal, devemos respeitar e valorizar a diversidade cultural brasileira. A FLIAN 2025 se propõe a ser um espaço de aprendizado, troca de experiências e fortalecimento das identidades culturais, promovendo o respeito e a inclusão”, afirmou Tapioca.
FLIAN homenageia e celebra 134 anos de emancipação política de Andaraí
A 4ª edição da FLIAN homenageará Lícia Maciel Neves, destacada por sua dedicação à leitura e à educação. Nascida em 6 de maio de 1935 e falecida em 28 de dezembro de 2017, Lícia foi uma das fundadoras da Biblioteca Pública Municipal Herberto Sales e uma figura ativa na vida cultural da cidade.
Como professora e funcionária do estado, Lícia incentivava seus alunos a declamar poesias e promovia o apreço pela literatura. Seu compromisso com a memória histórica das lavras diamantinas e a preservação do patrimônio municipal rendeu-lhe diversas homenagens, incluindo o Certificado de Mérito Cultural concedido pela Secretaria de Educação, Esporte e Cultura.
Além da homenagem a Lícia, a FLIAN celebrará os 134 anos de emancipação política de Andaraí, reforçando a importância da identidade e da memória coletiva. A programação contará com atividades culturais, apresentações artísticas e debates que evidenciam a trajetória de luta e resistência do povo andaraiense. A literatura e as artes serão valorizadas como instrumentos de fortalecimento da cidadania e do pertencimento, promovendo reflexões sobre a história e a cultura da região.
O evento é uma iniciativa da Viver Cultura e Meio Ambiente, que busca difundir os saberes culturais locais, fortalecer a economia solidária e incentivar práticas sustentáveis. Com apoio da Prefeitura Municipal de Andaraí, da Editora e TV ALBA, da Fundação Cultural Pedro Calmon/SECULT-BA e da Secretaria de Educação do Estado da Bahia, a feira também conta com parcerias das universidades públicas da Chapada Diamantina (UEFS, UNEB e UESB). Consolidada como um espaço de encontro e troca de conhecimento, a FLIAN reafirma seu papel na valorização da diversidade cultural da região.
Jornal da Chapada