A prefeitura de Piatã foi alvo de denúncias sobre a suposta ausência de distribuição de alimentos da agricultura familiar nas escolas do município, mesmo com contrato firmado por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). Segundo fontes ouvidas pelo Jornal da Chapada, os estudantes estariam recebendo principalmente produtos industrializados, como suco de garrafa, macarrão e feijão de mercado, em vez de alimentos frescos e produzidos localmente. A gestão municipal, porém, nega as acusações e afirma cumprir integralmente o acordo estabelecido pelo programa.
Em contato com a equipe do jornal, a prefeitura esclareceu que cumpre o percentual mínimo de 30% destinado à compra desses gêneros alimentícios. A administração acrescentou ainda que esse investimento pode variar para cima, dependendo do período letivo e da demanda de abastecimento da rede escolar.
“Atualmente, o município recebe o montante de R$ 61.161,25 para execução do Pnae. Somente no mês de julho, por exemplo, foram investidos R$ 21.670,85 em produtos oriundos da Agricultura Familiar, valor que corresponde a mais de 35% dos recursos destinados ao programa”, ressalta a gestão municipal.
Pais e responsáveis, no entanto, afirmam que a situação relatada configura descumprimento do contrato e prejudica diretamente a política de fortalecimento da Agricultura Familiar. Segundo relatos, os produtos previstos nos acordos não chegam às escolas, levantando questionamentos sobre a execução correta dos recursos públicos.
O problema estaria afetando não apenas a qualidade da alimentação servida nas escolas, que deixa de oferecer refeições frescas e nutritivas essenciais ao desenvolvimento saudável das crianças, mas também os agricultores locais, que perdem uma importante fonte de renda e veem comprometida a valorização da produção comunitária. A ausência de fiscalização efetiva aumenta as suspeitas de irregularidades e falta de transparência na gestão municipal, deixando os produtores sem respostas sobre a não entrega dos produtos.
Relatos de pais e alunos
Uma mãe de aluno da rede municipal, que preferiu não se identificar, relatou que os lanches oferecidos nas escolas não correspondem ao que deveria ser fornecido pela Agricultura Familiar. “O que meu filho recebe não é fresco e nem vem dos produtores rurais. Já virou rotina as dispensas estarem sem esses alimentos”, afirma.
A divergência entre o cardápio divulgado e o que é efetivamente servido também tem gerado insatisfação entre pais e alunos. Estudantes relatam que as refeições oferecidas não seguem o cronograma previsto e, na prática, acabam sendo mais simples e com menor valor nutricional do que o anunciado.
Outra mãe destacou o contraste entre o cardápio e a refeição servida: “No grupo da escola disseram que teria arroz, frango e beterraba, mas quando perguntei à minha filha o que ela comeu, a resposta foi mingau. Nada do que estava no cardápio chegou até os alunos”, conta.
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