O município de Mucugê sediou, na manhã do último sábado (20), a primeira oficina ‘Sensibilização sobre Polinizadores e Práticas Amigáveis na Agricultura’ na Chapada Diamantina. A atividade, realizada na COOPCHAPADA, integra a programação do Projeto PoliLAC – Ação Regional para a Proteção Aprimorada de Insetos Polinizadores e Serviços de Polinização na América Latina e no Caribe.
O PoliLAC busca melhorar a conservação dos insetos polinizadores nativos e manejados e os seus serviços para a biodiversidade e a saúde dos ecossistemas, os meios de subsistência das comunidades locais e a produção agrícola.
O objetivo é que atores governamentais e não governamentais em países selecionados da América Latina e do Caribe expandam as práticas de gestão e governança com base no conhecimento em nível local, nacional e regional, que promovam o serviço ecossistêmico de polinização.
Durante a oficina e em várias visitas a propriedades rurais da região que antecederam o encontro, os representantes do Projeto no Brasil explicaram que uma grande mobilização se justifica pela forte relação dos serviços de polinização com a segurança alimentar e conservação ambiental e da biodiversidade, já que 75% dos principais cultivos necessitam dos serviços ecossistêmicos de polinização e entre 78% e 94% da flora silvestre também depende de polinizadores para a sua reprodução. No Brasil, 76% das espécies de plantas usadas como alimentos dependem dos serviços ecossistêmico de polinização realizados por animais.
Executado pela Cooperação Alemã – GIZ em cinco países: Brasil, Costa Rica, México, Paraguai e Peru, no Brasil o parceiro de implementação no território selecionado, a Chapada Diamantina, é o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) é parceiro político nacional e o Projeto conta ainda com apoio dos Ministérios do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e do Desenvolvimento Agrícola e Agricultura Familiar (MDA), da EMBRAPA, do Instituto Chico Mendes e do Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), e com a assistência técnica e científica da Rede Brasileira Planta-Polinizadores – REBIPP.
“Este é um momento muito propício para recebermos este Projeto, pois nos possibilita unir atores. Esta é uma ótima oportunidade para trabalhar a favor dos serviços ecossistêmicos. Fico muito feliz com essa perspectiva, pois os polinizadores são agentes que facilitam a assimilação da importância dos serviços ecossistêmicos e da biodiversidade”, diz José Ernesto Mattos Alves, secretário de Agricultura, Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente de Mucugê, que participou da oficina.
“A Chapada Diamantina é parte de uma minuciosa e criteriosa seleção de hotspots ambientais selecionados nos cinco países participantes como territórios piloto. O projeto prevê a disponibilização de uma plataforma de conhecimento sobre o tema; influenciar políticas e instrumentos públicos que promovem a conservação dos insetos polinizadores, soluções financeiras e mobilização do setor privado; e a implementação de práticas amigáveis aos insetos polinizadores e aplicação de ferramentas de monitoramento técnico e participativo dos insetos polinizadores por meio da ciência cidadã em paisagens priorizadas”, explica o coordenador do Projeto na GIZ, o ecólogo Willian Goulart.
Nos demais países foram selecionados territórios na Serra de Manantlán em Jalisco, no México; na Península Nicoya em Guanacate, na Costa Rica; em Oxapampa em Pasco, no Peru e no território de Itaipu no chaco paraguaio, onde o Projeto conta com parceria da União Europeia.
“Na Chapada Diamantina, a princípio, foram selecionados os municípios de Mucugê, Ibicoara, Rio de Contas e Livramento de Nossa Senhora”, disse a coordenadora do Projeto no IICA, a veterinária Lucia Maia. “Em um primeiro momento, vamos apoiar a implementação de práticas amigáveis aos polinizadores, promover o monitoramento técnico e participativo e oferecer assistência técnicas nas propriedades selecionadas que demonstrem interesse em aderir à iniciativa”, complementa.
Uso inédito de ferramenta da Embrapa
O projeto vai contar com a aplicação da ferramenta de diagnóstico de sustentabilidade APOIA – Melissa desenvolvida pela equipe do ecólogo Geraldo Stachetti da Embrapa Meio Ambiente. A Associação do Semi-Árido da Microrregião de Livramento (ASAMIL) foi selecionada pelo projeto para aplicar a ferramenta e oferecer assistência técnica e extensão rural.
A polinização é fundamental para a reprodução de plantas, a produção de alimentos e a conservação da biodiversidade. Apesar de sua importância, os insetos polinizadores estão em risco. Fatores como poluição, desmatamento, uso incorreto de defensivos e mudanças climáticas ameaçam a existência desses pequenos insetos, cujos serviços ambientais têm imenso impacto na vida terrestre.
“Os insetos polinizadores, e as abelhas representam a grande maioria deles, têm um papel fundamental na natureza. Eles são polinizadores importantíssimos de plantas que ocorrem nos vários biomas, e prestam serviços ecossistêmicos ambientais de altíssimo valor para o meio ambiente e com grande impacto na agricultura”, diz a bióloga Cláudia Inês da Silva, professora da Universidade Federal da Bahia e consultora do IICA para o Projeto, que conduziu a oficina.
Ibicoara
Na última quarta-feira (18), o Projeto e a ferramenta APOIA-Melissa foram apresentados na Câmara dos Vereadores de Ibicoara, com a participação do Secretário de Meio Ambiente e Turismo de lbicoara, Rinaldo Rossi. O biólogo e entomólogo Dr. Cristiano Menezes, da Embrapa Meio Ambiente, um dos principais estudiosos de abelhas sem ferrão do País e parceiro do Projeto, fez uma palestra sobre a importância desses insetos.
As Oficinas Sensibilização sobre Polinizadores e Práticas Amigáveis na Agricultura na Chapada Diamantina inauguram as intervenções do Projeto PoliLAC na região. Com a presença de gestores, pesquisadores, produtores e representantes da sociedade civil são apresentadas práticas amigáveis e discutidas a importância dos polinizadores para a agricultura e biodiversidade, as ameaças e o papel de cada um na proteção dos insetos polinizadores.
O PoliLAC é financiado pelo Ministério de Meio Ambiente, Ação Climática, Conservação da Natureza e Segurança Nuclear da Alemanha, como parte da Iniciativa Internacional para o Clima (IKI). Na Chapada Diamantina, a coordenação e mobilização do Projeto está a cargo da bióloga Daniele Villar, consultora do IICA.
Na próxima semana, as oficinas do Projeto PoliLAC continuam na Chapada Diamantina, com agenda em duas cidades: em Rio de Contas, o encontro nesta na segunda-feira (22), às 14h, na Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer, localizada na Praça da Matriz; já em Livramento de Nossa Senhora, a atividade acontece na terça-feira (23), também às 14h, no Centro Diocesano. As informações são de assessoria.

