O aumento da expectativa de vida, aliado aos avanços em automação, robótica, inteligência artificial e medicamentos, exige uma nova visão sobre o modelo de trabalho adotado atualmente. A avaliação foi feita neste sábado (27) pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista ao podcast 3 Irmãos.
Haddad defendeu a necessidade de buscar um equilíbrio entre o tempo dedicado ao trabalho e o tempo livre, apontando que as transformações tecnológicas e sociais tendem a modificar a forma como as pessoas trabalham e vivem.
“Tudo me leva a crer que o equilíbrio entre essas coisas vai exigir que a gente trabalhe mais ao longo da vida em menos dias por semana para usufruir melhor da vida”, disse o ministro. “Não vai fazer sentido o cara se aposentar com 60 anos”, acrescentou, citando o próprio exemplo, já que tem 62 anos.
Durante a entrevista, Haddad comentou ainda sobre os avanços na medicina, como o medicamento Ozempic, aprovado para o tratamento da obesidade e já utilizado no controle do diabetes. Ele afirmou que esses progressos vão impactar diretamente a longevidade da população. “Logo, vai estar todo mundo no formol”, disse, em tom descontraído, após ouvir de um dos apresentadores que ele aparenta ser mais jovem do que sua idade.
Para o ministro, a economia deve ter como objetivo principal melhorar a qualidade de vida das pessoas. “A economia deveria ser para servir o ser humano. Precisamos entender uma forma de liberar tempo”, afirmou. Haddad criticou jornadas longas que dificultam a convivência familiar. “Não faz sentido um trabalhador que tem um filho passar 12 horas no trabalho. Nós não precisamos consumir tanto assim.”
O ministro evitou se posicionar de forma direta sobre a proposta em tramitação na Câmara dos Deputados que prevê o fim da escala de trabalho 6×1. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) em análise propõe a limitação da jornada semanal a 36 horas, com máximo de 8 horas diárias.
Segundo levantamento do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (IE-Unicamp), a alteração beneficiaria diretamente 37% dos trabalhadores com carteira assinada no país.
Para Haddad, os avanços tecnológicos poderão contribuir para esse processo. “Ao longo da história, nem capitalismo nem comunismo tentaram garantir ao homem um jeito de viver melhor. Agora, com a tecnologia, temos uma oportunidade para mudar isso”, disse.
Jornal da Chapada

