O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, protocolou nesta terça-feira (14) uma representação criminal na Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo a abertura de investigação contra Michelle Bolsonaro por supostos crimes contra a administração pública e atos de improbidade administrativa durante a execução do programa Pátria Voluntária, criado em 2019 no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A ação foi motivada pela ofensiva do PL, partido de Bolsonaro e Michelle, que apresentou 15 projetos de decreto legislativo (PDLs) contra o Decreto nº 12.604/2025, editado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que reorganiza a estrutura do gabinete pessoal da Presidência para dar apoio logístico às atividades da primeira-dama, Janja Lula da Silva.
Na representação, Lindbergh cita auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), feita a pedido do Congresso, que identificou falhas graves na gestão do Pátria Voluntária. Segundo o documento, o programa teria operado “sem amparo constitucional e legal”, permitindo à Casa Civil gerir recursos privados captados em campanhas públicas sem transparência, controle orçamentário ou critérios técnicos na escolha das entidades beneficiadas.
“Há indícios de crime de peculato-desvio de finalidade dos recursos oriundos de doações oficiais, com direcionamento a entidades específicas, sem lei que o autorizasse”, diz trecho da representação.
O líder do PT também solicitou à PGR que apure suspeitas de prevaricação, associação criminosa e improbidade administrativa, apontadas pelo relatório do TCU.
Comparação com o caso de Janja
Em suas redes sociais, Lindbergh Farias defendeu o decreto assinado por Lula e rechaçou as críticas da oposição, classificando-as como parte de uma “campanha de desinformação”.
“O decreto apenas formaliza o apoio administrativo à primeira-dama, sem criar cargos, despesas ou poderes políticos. O PL tenta fabricar crises institucionais e distorcer os fatos”, escreveu o parlamentar.
Farias também comparou a estruturação das atividades de Janja com a atuação de Michelle Bolsonaro no programa Pátria Voluntária.
“A ironia é que quem hoje tenta posar de guardião da moralidade usou a estrutura pública para fins pessoais e partidários. O TCU apontou graves irregularidades e total falta de transparência na destinação dos recursos”, afirmou o líder petista.
“Casal que demoniza Israel”
A nova polêmica ocorre após Michelle Bolsonaro atacar Lula e Janja durante um evento do PL Mulher, realizado no sábado (11), em Rio Verde (GO). Na ocasião, a ex-primeira-dama chamou o casal presidencial de “um casalzinho que demoniza Israel” e afirmou que Janja teria impedido Lula de participar de eventos evangélicos.
“Não vamos aceitar mais essa esquerda maldita governando a nossa nação. Um casal que demoniza Israel, mas agora começou a frequentar as igrejas. A senhora do líder proibiu ele de falar com o povo cristão”, declarou Michelle.
Jornal da Chapada

