Ao anunciar, nesta terça-feira (4), novos investimentos estaduais em segurança pública, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, afirmou que o Estado deve agir com firmeza contra o crime, mas sem recorrer à violência ou abusos.
“O Estado não pode ser um Estado matador. Não pode. Não é o Estado que tem que fazer isto. O Estado tem que mediar”, disse Rodrigues, em referência à Operação Contenção, realizada no Rio de Janeiro no último dia 28, nos complexos do Alemão e da Penha, que resultou em 121 mortes, tornando-se a mais letal da história do país.
Na ocasião, o governador comparou o episódio à Operação Freedom, deflagrada nesta terça-feira (4) pela Polícia Civil da Bahia, com apoio das polícias Militar, Federal e Civil do Ceará. A ação resultou na prisão de 35 suspeitos de integrarem o Comando Vermelho, além da morte de um homem que, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA), reagiu a tiros durante abordagem no bairro Uruguai, em Salvador.
A SSP informou que o homem morto não estava entre os alvos dos mais de 90 mandados judiciais cumpridos, mas era conhecido dos policiais por supostamente organizar ataques a grupos rivais. Após o episódio, manifestantes bloquearam vias no bairro com pneus e madeira, sendo contidos após a ação da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros.
“A mão forte do Estado precisa acontecer. Não vamos dar trégua ao crime organizado na Bahia. Mas minha ordem é que possamos cercar, prender e entregar os investigados à Justiça”, reforçou Jerônimo.
Casal suspeito de liderar o Comando Vermelho é preso
Entre os presos na operação está um casal apontado como liderança do Comando Vermelho na Bahia. O homem seria responsável por organizar o tráfico de drogas em Salvador e região metropolitana, enquanto a mulher cuidava das finanças da facção. Ambos foram capturados no município de Eusébio (CE).
Segundo a SSP, a Operação Freedom é fruto de investigações iniciadas em 2022, que apontaram o envolvimento do grupo em pelo menos 30 assassinatos na capital baiana e em cidades do interior.
O delegado-geral da Polícia Civil, André Viana, destacou que a operação atingiu o núcleo armado e financeiro da organização sem ferir policiais ou civis.
“Esta operação tem um viés de asfixia financeira e de apreensão de recursos da organização. A Justiça determinou o bloqueio de até R$ 1 milhão em 51 contas bancárias dos investigados. Futuramente, esses recursos poderão ser usados no enfrentamento à criminalidade”, explicou.
O secretário de Justiça e Direitos Humanos, Felipe Freitas, ressaltou que a ação reflete uma nova doutrina de segurança pública, baseada na preservação da vida e no uso de inteligência policial.
“É possível ser implacável contra o crime e, ao mesmo tempo, agir com responsabilidade e total aderência à lei”, afirmou.
Jornal da Chapada

